São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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Lobby de empresas adia obra em Cumbica

De agosto a dezembro, local ficará 30% menor para troca do asfalto; medida afetará aeronaves de grande porte

Governo pretendia interditar a pista de Cumbica neste mês, mas recuou após pressão das empresas

RICARDO GALLO
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

A pressão das companhias aéreas fez o governo federal desistir de fechar para obras, ainda neste ano, a maior pista do aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), o mais movimentado do país.
Em vez da interdição, a pista será reduzida em 30% por quatro meses, de agosto a dezembro. A pista tem 3.700 m; no período, ficará com 2.500 m -o restante terá o asfalto substituído.
A recuperação da pista é essencial para o funcionamento do aeroporto e está entre a prioridades do governo federal para a Copa de 2014.
Com a pista menor, as companhias terão de reduzir carga e até passageiros nos aviões de grande porte, usados em rotas internacionais.
Aviões como o Boeing 777 e o Airbus A-340 são mais pesados e necessitam de mais espaço para decolar. É improvável haver risco à segurança, dizem especialistas.
O cronograma foi feito em fevereiro pela Infraero (estatal que administra aeroportos), Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e Snea (sindicato das empresas).
Inicialmente, a Infraero previa fechar toda a pista, o que reduziria em 40% os pousos e decolagens em Cumbica -de 44 para 26 movimentos por hora.
A interdição tinha até data: começaria em 27 deste mês e duraria 54 dias.
Mas as empresas argumentaram que isso seria o "caos" para o sistema aéreo. Aeroportos mais próximos, como Confins (MG) e Galeão (RJ), estão saturados.
Sem alternativa, a redução afetaria a malha aérea nacional e internacional. As empresas perderiam receita -e, com menos voos, passageiros seriam prejudicados.
O que seria definido já no primeiro semestre, agora ficará para o final do ano.
No novo modelo, cada empresa definirá como reduzir o peso dos aviões. Não há uma regra, diz Ronaldo Jenkins, diretor do sindicato do setor.
"Não vou dizer que não vá haver corte de passageiro. Eventualmente pode ser que chegue a esse ponto. Carga certamente vai afetar."

CENÁRIO
Não está descartado aumentar a tarifa, diz Robson Bortolossi, presidente da Jurcaib, que representa as companhias internacionais no Brasil. Ele ponderou que a decisão será das companhias e levará em conta o mercado.
Em 2012, nova queda de braço deverá ocorrer.
Segundo o Snea, o governo acenou com a interdição de toda a segunda pista de Cumbica entre agosto e dezembro, o que exigiria redução drástica dos voos.
A medida se deve à necessidade de reformar vias de taxiamento que ficam ao lado da pista 2. As obras, assim, ocupariam parte da pista.
O sindicato tenta uma alternativa: convencer o governo a adaptar outras pistas de táxi de Cumbica para pousos e decolagens. Ainda não há definição, diz a Infraero.


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