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Manaus registra explosão de casos de malária no primeiro trimestre
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A capital amazonense, Manaus,
registrou no primeiro trimestre
deste ano 16.944 notificações de
malária, número 815% superior
ao mesmo período de 2002, então
com 1.850 casos. É a maior epidemia registrada na cidade -tendo
seu pico no mês de março, quando 6.908 [cerca de 223 casos por
dia] pessoas foram atingidas pela
doença, transmitida por um parasita originário da África. Não há
vacina que previna a doença.
O desmatamento provocado
por sem-teto que invadiram áreas
nativas da cidade, a intensificação
das chuvas e a suspensão do fumacê (aplicação do inseticida) à
noite em bairros tidos como endêmicos são fatores apontados
para a explosão da malária.
Em novembro de 2002, agentes
da Funasa (Fundação Nacional de
Saúde) denunciaram a falta de infra-estrutura para combater a
malária após o serviço ser descentralizado do Ministério da Saúde
para a Susam (Secretaria de Estado da Saúde). A Susam herdou da
Funasa 565 servidores, além de
equipamentos e uma verba mensal de R$ 1,3 milhão.
Ontem, o agente da Funasa Hernandes Ferreira Barata disse que a
epidemia tem como causa a suspensão do fumacê entre dezembro e fevereiro, ocorrida por decisão da Susam. "Havia um consenso de que o inseticida não estava
fazendo efeito, o mosquito estava
resistindo e, por falta dos insumos
[que compõem o inseticida", suspenderam as atividades de campo
para fazer uma avaliação. Ficou
dois meses sem fumacê, a malária
explodiu", disse o agente.
O consultor para a área de controle de endemias da Susam Wilson Alecrim negou a versão. "Não
faltou inseticida e não houve suspensão das ações. Tivemos essa
informação do campo [de que havia resistência do mosquito], mas
fizemos os testes e verificamos
que o inseticida estava matando
100% dos mosquitos", disse,
acrescentando que o aumento das
invasões de terras e uma alteração
no ciclo das chuvas foram os motivos da epidemia da doença.
"As chuvas facilitaram a proliferação do mosquito transmissor
da malária, em especial, nas áreas
invadidas", afirmou Alecrim, explicando que os casos da doença
já começam a cair em abril, quando foram registradas 1.579 notificações até ontem. A Susam decidiu intensificar o plano de ações
de combate a malária contratando 86 agentes de controle de endemias e aumentando os locais de
diagnósticos. A Prefeitura de Manaus pôs à disposição mil agentes
do programa Médicos da Família.
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