|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Peritos do IC são suspeitos de vender laudos
Corregedoria e Promotoria investigam se policiais venderam laudos para favorecer o Consórcio Via Amarela e a Igreja Renascer
Perícias envolvem o acidente na obra do metrô, quando 7 pessoas morreram em 2007, e da queda do teto do templo no Cambuci, com 9 mortes
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao menos quatro peritos do
IC (Instituto de Criminalística)
de São Paulo estão sendo investigados pela suspeita de fraude
em laudos que beneficiariam o
Consórcio Via Amarela, que
constrói uma linha do metrô, e
a Igreja Renascer em Cristo.
As investigações são conduzidas pelo Ministério Público
do Estado e pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil e surgiram depois que o Gaeco (grupo
especial do Ministério Público
de combate ao crime organizado) identificou incongruências
nas conclusões feitas pelos peritos no caso do metrô.
Nem a Promotoria nem a
Corregedoria da Polícia Civil
deram detalhes da investigação
sob o argumento de que a divulgação poderá prejudicar a apuração dos casos.
As suspeitas apontam que
laudos reduziriam a responsabilidade do consórcio pelo acidente na obra do Metrô em Pinheiros, que deixou sete mortos em janeiro de 2007, e da Renascer, em razão da queda do
teto do templo no Cambuci, onde nove pessoas morreram e
centenas ficaram feridas em janeiro do ano passado.
Investigação
Os laudos do IC são um dos
itens da investigação da polícia
para apurar a responsabilidade
criminal dos envolvidos, a
exemplo do que ocorreu no júri
do caso Isabella Nardoni.
Pelo Ministério Público, a investigação de fraude pericial é
conduzida em duas frentes:
Promotoria do Patrimônio Público, que apura improbidade
administrativa dos funcionários, e pelo Gaeco. Na Corregedoria, além de sindicância, há
um inquérito de improbidade.
Na lista dos investigados está
o perito José Domingos Moreira das Eiras. Ele foi, até dezembro do ano passado, o diretor-geral do Instituto de Criminalística e foi afastado após a suspeita de fraudes em concursos
do IC revelada pela Folha.
Também são investigados
os peritos Edgard Engelber,
Henrique Honda e Jaime Telles. Telles assina ambos e
Engelber, assina o laudo do
metrô, mas nenhum dos órgãos
divulgou porque Honda foi incluído no caso, já que não assina nenhum dos dois laudos sobre os acidentes.
Documento desprezado
As suspeitas no caso do metrô ganharam força depois do
surgimento de dúvidas sobre a
qualidade e a veracidade das informações dos peritos.
Isso levou a Promotoria a
desprezar o documento na denúncia apresentada à Justiça
contra diretores e funcionários
do Consórcio Via Amarela
(integrado pelas empresas
CBPO [grupo Odebrecht], OAS,
Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Alstom e do Metrô.
Em junho do ano passado, reportagem da Folha revelou
que promotores e peritos do
próprio Instituto de Criminalística, sob a condição de anonimato, diziam que havia informações falsas que amenizavam
a responsabilidade dos diretores do Consórcio Via Amarela
pelas mortes.
Agora, o processo corre o risco de ser anulado pelo Tribunal
de Justiça a pedido da defesa.
Já as "considerações finais"
do laudo que apurou as causas
do acidente do teto da Igreja
Renascer praticamente descartam qualquer culpa da igreja
pelas mortes e não citam o nome da instituição. Cópia desse
documento é até disponibilizada em link do site da assessoria
de imprensa da Renascer.
Os peritos do Instituto de
Criminalística apontaram, no
trecho final do documento, que
houve responsabilidade da empresa Etersul, que havia realizado uma reforma no telhado,
do Corpo de Bombeiros e da
Prefeitura de São Paulo, por
conta da falta de inspeções na
segurança da estrutura. Mas
em nenhum momento citam se
houve falha da direção da Renascer em não fazer a manutenção do local.
Texto Anterior: Na Paulista, fila por vacina da gripe suína leva até 40 minutos Próximo Texto: Saiba mais: Justiça pode anular processo do caso do metrô Índice
|