São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 2006

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Alvo de ataques, agências não abrem

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

TOMÁS CHIAVERINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em razão de ataques com bombas caseiras e armas de grosso calibre, pelo menos nove agências bancárias fecharam as portas ontem na Grande São Paulo.
Segundo o Sindicato dos Bancários, 18 agências de bancos como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander, HSBC e Unibanco foram atingidas entre a noite de domingo e a madrugada de ontem.
No interior, oito agências sofreram danos, em Campinas, Americana, São José do Rio Preto, Sorocaba e Orlândia. Algumas agências em São Paulo, mesmo sem ser atingidas, não abriram por falta de agentes de segurança, que não conseguiam chegar porque muitos ônibus não circularam.
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) repudiou a onda de violência em nota oficial. "São uma afronta ao Estado de direito e à cidadania", diz o texto.
"A situação é de risco e não podemos expor as pessoas. Nos locais onde não houver segurança, as agências não devem abrir", diz o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
Quatro agências do Itaú foram atingidas -duas delas não abriram, no Capão Redondo e em Taboão da Serra. A agência do Banco do Brasil na rua São Silvestre (zona sul) também não funcionou. Na porta, um aviso: "Agência temporariamente fechada".
No Itaú da rua Vicente Pinzon, na Vila Olímpia, um coquetel molotov foi jogado. O banco, com marcas do fogo na fachada, ficou fechado até as 12h.
Segundo vigias de prédios próximos ao local, por volta de 23h35 um automóvel Fiesta preto parou em frente ao banco e atirou uma garrafa em chamas. Em seguida, outra garrafa foi jogada em uma agência desativada do Bradesco, a poucos metros dali, mas não explodiu. Um dos criminosos atirou nove vezes contra um vigia de um prédio que havia visto a cena, mas ele não foi ferido.
Paulo Alves, que faz atendimento no Bradesco da Vila Olímpia, trabalhou sob tensão. "Se gritarem para ir para o chão, vamos para o chão sem pensar duas vezes. Trabalhamos com um olho lá [na rua] e outro cá [na agência]."
No Bradesco da rua São João Clímaco (zona sul), havia pelo menos 25 buracos de balas. Mesmo assim, a agência funcionou normalmente. "Medo eu tenho. Se pudesse, ficaria em casa. Mas tenho conta para pagar e, mesmo com esse caos, o governo depois cobrará juros", disse a cliente Doralice Andrade Pereira, 34.
A Febraban "entende que o governo, nas suas várias instâncias, deve agir com firmeza e rigor contra a onda de violência".


Colaborou a Agência Folha

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