São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 2006

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GUERRA URBANA/ SISTEMA PRISIONAL

Nas ações, que atingiram 82 unidades do sistema penitenciário, 381 pessoas foram feitas reféns e ao menos 17 detentos foram mortos

Após 4 dias, rebeliões em SP chegam ao fim

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após quatro dias de duração, as rebeliões no sistema penitenciário, organizadas pelo PCC, terminaram ontem com um saldo de ao menos 17 presos mortos. A ação chegou a atingir 82 unidades, que abrigam mais de 60% de todos os detentos do Estado. Na ação, 381 pessoas foram feitas reféns. Não há registro de feridos entre elas.
Segundo balanço divulgado pela Secretaria da Administração Penitenciária, nove detentos foram mortos nas unidades sob sua responsabilidade, sendo três na capital e na Grande São Paulo. Outras quatro mortes, ocorridas na penitenciária de Ribeirão Preto (a 314 km da capital), ainda não foram confirmadas.
Além disso, oito detentos morreram em uma unidade sob responsabilidade da Secretaria da Segurança Pública, em São Sebastião (litoral paulista). A pasta não informou o número de unidades rebeladas nem o total de vítimas.
Ontem, 55 presídios amanheceram rebelados. Em um deles, em Franco da Rocha (Grande São Paulo), parentes dos detentos disseram que ficaram reféns por mais de 24 horas.
Os visitantes foram surpreendidas pelo tumulto no domingo. "Meu filho de quatro meses ficou todo esse tempo sem comer nada", disse Jaqueline Sampaio, 19, que visitava o marido na unidade.
A Secretaria da Administração Penitenciária não comentou as reclamações. A pasta também não divulgou as circunstâncias das mortes dos detentos sob sua responsabilidade.
Devido à tensão nas prisões, o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo recomendou que, a partir de hoje, os agentes fiquem na portaria nas unidades em que existam problemas físicos. A posição foi tomada antes do fim das rebeliões.
"Muitas prisões estão estouradas, sem grades", disse o diretor da entidade Luiz da Silva Filho. "Nesses lugares, os agentes estão muito expostos. Para segurança deles, eles não devem entrar."
Além dessa medida, o sindicato fará uma rodada de assembléias, na quinta e na sexta, para decidir se a categoria entra em greve. No Estado, trabalham cerca de 30 mil agentes, segundo a entidade.

Febem
A assessoria de imprensa da Febem informou que ontem ocorreram duas rebeliões, em solidariedade à ação do PCC -ambas terminaram na própria segunda.
Na Raposo Tavares, o motim contou com 374 internos. Quinze agentes foram feitos reféns -três ficaram feridos. Durante a madrugada, a Tropa de Choque agiu e acabou com a rebelião. Em Franco da Rocha, o motim começou às 13h e foi contido pela Tropa de Choque três horas depois.


Colaborou THIAGO MOMM


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