São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 2006

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GUERRA URBANA/ MORTES

No total, foram 20 mortos ontem, incluindo dois policiais militares e um civil; comunidades do Orkut pedem reação das forças de segurança

Quinze suspeitos morrem no quarto dia

DA REPORTAGEM LOCAL

Vinte pessoas morreram ontem, no quarto dia de ataques do crime organizado contra as forças de segurança do Estado de São Paulo, segundo informações da Secretaria da Segurança Pública.
Agora, em vez de policiais, a maioria das vítimas foram suspeitos de participação nos atentados: 15 mortos em confrontos com a polícia. Além deles, foram mortos dois policiais militares, um policial civil e dois civis.
Com isso, já chega a 81 o número de vítimas desde que os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) começaram. Se somadas as 13 mortes durante as rebeliões em presídios espalhados pelo Estado, a guerra urbana já matou 94. Não foram divulgados pela Secretaria da Segurança os locais onde os suspeitos morreram nem detalhes dos ataques a policiais e civis no quarto dia de pânico, mas foram confirmadas mortes em confrontos com a polícia em cidades da Grande SP (Poá, Guarulhos e Itaquaquecetuba) e em bairros da capital (São Mateus e Parque do Carmo -zona leste).
A Folha solicita desde o último sábado ao governo paulista a listagem com os nomes dos mortos nos atentados. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo disse que essa lista está em elaboração, mas não informou quando ela será divulgada.

Contra-ataque na rede
Anônimos graças a apelidos e sites pessoais falsos, policiais e simpatizantes começaram a detalhar, no Orkut, a reação das forças de segurança contra os ataques do PCC no Estado. O tom comum é o de vingança e de exaltação às mortes dos criminosos.
No exemplo mais evidente, uma foto em uma página pessoal do site mostra um suposto confronto entre criminosos e polícia. "Menos três pro PCC", diz um texto sob a imagem da página de um usuário identificado como Sgt. John Spartan, personagem do filme de ação "Demolidor" (1998).
Na fotografia, um Mercedes Classe A aparece com as portas abertas e um tiro no vidro traseiro. Dois homens de arma na cintura, aparentemente da Polícia Civil, estão próximos do carro. O autor da foto não é identificado, mas deixou um recado em sua página pessoal: "PCC, me aguarde".
Entre as comunidades policiais, o tom das mensagens publicadas é o de "troco" aos criminosos em conseqüência das mortes causadas em São Paulo. "Para cada Mike [PM] que tombou nessas ocorrências envolvendo o PCC, dois ladrões têm que morrer para honrar os irmãos", diz um dos textos.
Na comunidade da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), um homem identificado como policial avisa: "Agora vamos ver quem manda, é hora de enxugar as lágrimas e partir para cima".
Na comunidade "Polícia de São Paulo", um homem propõe uma medida radical. "Está na hora de fazer uma faxina em São Paulo, limpar nossa sociedade desses dejetos", diz o usuário, que sugere a execução dos líderes do PCC em uma falsa tentativa de resgate.


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