São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Plano da prefeitura prevê pedágio, mas Kassab diz ser contra

Prefeito afirma, em Nova York, que "não existe a menor hipótese" de São Paulo ter pedágio urbano em sua gestão

Cobrança é uma das medidas que constam da revisão do Plano Diretor, apresentada pela prefeitura em seu próprio site


EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse ontem que não tem intenção de implantar pedágio urbano em São Paulo. Mas a proposta de revisão do Plano Diretor preparada por sua equipe abre a possibilidade de criação de pedágio para restringir e controlar o acesso de veículos ao centro.
Em Nova York, onde participa de uma conferência sobre questões climáticas, Kassab disse que "definitivamente, não existe a menor hipótese de ter o pedágio urbano na cidade de São Paulo na nossa gestão".
O prefeito justificou sua posição dizendo que "não é o momento de penalizar mais ainda o cidadão brasileiro com novas taxas". "O que precisamos é usar melhor os recursos arrecadados com a carga tributária."
A proposta de revisão do Plano Diretor elaborada pela Secretaria de Planejamento estabelece, como ação estratégica da política de circulação viária e de transportes, restrição ao acesso de veículos à área central, inclusive com a criação de pedágio. A proposta está em discussão na prefeitura antes de ser enviada à Câmara. O texto foi colocado pela prefeitura em seu site (http://sempla.prefeitura.sp.gov.br).
"Conceitualmente, somos contra [o pedágio]. Não será implantado", afirmou Kassab. Ele participa em Nova York, nos EUA, do C40 Climate Summit -reunião de 40 metrópoles para discutir o aquecimento global e outras questões ambientais-, durante o qual fala sobre o projeto Cidade Limpa. O encontro termina hoje.
Para resolver o problema do trânsito, Kassab aposta no investimento em transporte coletivo -criação de novos corredores de ônibus, manutenção dos existentes e renovação da frota de ônibus, por exemplo.
No ano passado, o tema entrou em pauta quando Kassab enviou à Câmara um projeto que propunha a transferência da administração das marginais Pinheiros e Tietê para o governo do Estado, que poderia conceder as vias à iniciativa privada e implantar pedágios.
Em abril, Kassab retirou o projeto de pauta sob o argumento de que a reforma e modernização das vias poderiam ser feitas pela prefeitura, por parcerias público-privadas.
Agora, o assunto volta a ser debatido. Na semana passada, Kassab assinou decreto que restringe o acesso de caminhões ao centro, embora aumente o tamanho dos veículos que podem circular em determinadas áreas. E a apresentação da proposta de revisão do Plano Diretor põe ainda mais luz sobre o assunto.
Para Paulo César Marques da Silva, professor de transportes e engenharia de trânsito da UnB (Universidade de Brasília), o pedágio urbano é um instrumento positivo para desestimular o trânsito de veículos.
"O pedágio rodoviário é para financiamento das estradas. O urbano é diferente, tem o objetivo de desestimular o trânsito de veículos. E é muito positivo em cidades que têm um eficiente sistema de transporte."
O vereador Chico Macena (PT), ex-presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), disse que "em tese" não é contra o pedágio urbano. "O problema é que, se você implantar hoje, o transporte coletivo vai entrar em colapso."
Adriana Levisky, diretora da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, é contra. "Se você estimular o uso residencial do centro, reduzirá muito o número de viagens de carros. Pedágio é paliativo."


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