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Plano da prefeitura prevê pedágio, mas Kassab diz ser contra
Prefeito afirma, em Nova York, que "não existe a menor hipótese" de São Paulo ter pedágio urbano em sua gestão
Cobrança é uma das medidas que constam da revisão do Plano Diretor, apresentada pela prefeitura em seu próprio site
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) disse ontem que não
tem intenção de implantar pedágio urbano em São Paulo.
Mas a proposta de revisão do
Plano Diretor preparada por
sua equipe abre a possibilidade
de criação de pedágio para restringir e controlar o acesso de
veículos ao centro.
Em Nova York, onde participa de uma conferência sobre
questões climáticas, Kassab
disse que "definitivamente, não
existe a menor hipótese de ter o
pedágio urbano na cidade de
São Paulo na nossa gestão".
O prefeito justificou sua posição dizendo que "não é o momento de penalizar mais ainda
o cidadão brasileiro com novas
taxas". "O que precisamos é
usar melhor os recursos arrecadados com a carga tributária."
A proposta de revisão do Plano Diretor elaborada pela Secretaria de Planejamento estabelece, como ação estratégica
da política de circulação viária e
de transportes, restrição ao
acesso de veículos à área central, inclusive com a criação de
pedágio. A proposta está em
discussão na prefeitura antes
de ser enviada à Câmara. O texto foi colocado pela prefeitura
em seu site (http://sempla.prefeitura.sp.gov.br).
"Conceitualmente, somos
contra [o pedágio]. Não será
implantado", afirmou Kassab.
Ele participa em Nova York,
nos EUA, do C40 Climate Summit -reunião de 40 metrópoles para discutir o aquecimento
global e outras questões ambientais-, durante o qual fala
sobre o projeto Cidade Limpa.
O encontro termina hoje.
Para resolver o problema do
trânsito, Kassab aposta no investimento em transporte coletivo -criação de novos corredores de ônibus, manutenção
dos existentes e renovação da
frota de ônibus, por exemplo.
No ano passado, o tema entrou em pauta quando Kassab
enviou à Câmara um projeto
que propunha a transferência
da administração das marginais Pinheiros e Tietê para o
governo do Estado, que poderia conceder as vias à iniciativa
privada e implantar pedágios.
Em abril, Kassab retirou o
projeto de pauta sob o argumento de que a reforma e modernização das vias poderiam
ser feitas pela prefeitura, por
parcerias público-privadas.
Agora, o assunto volta a ser
debatido. Na semana passada,
Kassab assinou decreto que
restringe o acesso de caminhões ao centro, embora aumente o tamanho dos veículos
que podem circular em determinadas áreas. E a apresentação da proposta de revisão do
Plano Diretor põe ainda mais
luz sobre o assunto.
Para Paulo César Marques
da Silva, professor de transportes e engenharia de trânsito da
UnB (Universidade de Brasília), o pedágio urbano é um instrumento positivo para desestimular o trânsito de veículos.
"O pedágio rodoviário é para
financiamento das estradas. O
urbano é diferente, tem o objetivo de desestimular o trânsito
de veículos. E é muito positivo
em cidades que têm um eficiente sistema de transporte."
O vereador Chico Macena
(PT), ex-presidente da CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego), disse que "em tese"
não é contra o pedágio urbano.
"O problema é que, se você implantar hoje, o transporte coletivo vai entrar em colapso."
Adriana Levisky, diretora da
Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, é contra. "Se você estimular o uso residencial do centro, reduzirá
muito o número de viagens de
carros. Pedágio é paliativo."
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