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75% das jovens "pulam" refeições
Pesquisa da Secretaria da Saúde com meninas de 10 a 20 anos mostra que 67% estão insatisfeitas com o corpo
Endocrinologista diz que insatisfação faz parte da adolescência, mas alerta para os "extremismos
que fazem mal à saúde"
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A estudante Mariana, 18,
1,70m, atualmente com 56 kg,
diz que nunca esteve tão magra.
Para chegar a esse peso, ela
"pulou" muitas refeições, assim
como 75% das adolescentes
acompanhadas em uma pesquisa realizada pela Secretaria
de Estado da Saúde no ambulatório de Ginecologia da Adolescente do Hospital das Clínicas.
O problema de Mariana é
que, depois de ficar sem comer
uma ou duas refeições no mesmo dia, ela sente muito mais fome e devora compulsivamente
pratos maiores. Em seguida,
vomita o excesso.
"O indicado em regimes é
justamente o contrário. Comer
pouco, muitas vezes", diz o endocrinologista Alfredo Halpern, responsável pelo grupo
de obesidade do HC.
Mariana reconhece: "Nem
me preocupo com os métodos,
o importante é a felicidade que
a magreza traz".
Das 45 adolescentes pesquisadas, com idades entre 10 e 20
anos, 67% estão insatisfeitas
com o próprio corpo e 37% chegam a sentir vergonha do físico.
Segundo a coordenadora do
Programa de Saúde do Adolescente da secretaria, a ginecologista Albertina Duarte Takiuti,
"as meninas passam a evitar
contato social e se escondem
atrás de computadores". "Não
importa a altura que tenham, o
ideal é pesar 52 quilos, porque é
o divulgado pela mídia", afirma
Albertina, que levou um ano na
pesquisa, apresentada no começo do mês no 15º Congresso
Mundial de Ginecologia na Infância e Adolescência.
O resultado será usado em
um projeto de capacitação de
profissionais e na criação de
oficinas para discutir temas como distúrbios de alimentação e
auto-imagem, desenvolvido
pelo HC em parceria com a Secretaria da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde.
"Adolescente está sempre insatisfeito: se não é com o corpo,
é o nariz, o cabelo", atesta Alfredo Halpern. "O problema
são os extremismos que podem
fazer mal à saúde", diz.
Patrícia (nome fictício), 15,
passou três meses comendo
apenas miojo e alface e chegou
a pesar 55 kg (para 1,70m). "Minha barriga era grande", acha.
Por conta desses "achismos",
as jovens acabam se impondo
situações indesejáveis. Uma
das meninas disse que não gosta do namorado, mas aquele é o
menino que quer ficar com ela.
Então ela fica, conta Albertina.
Mas os meninos não preferem as mais encorpadas, consideradas "gostosas"?
A médica diz que agora prepara uma pesquisa com adolescentes do sexo masculino.
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