São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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75% das jovens "pulam" refeições

Pesquisa da Secretaria da Saúde com meninas de 10 a 20 anos mostra que 67% estão insatisfeitas com o corpo

Endocrinologista diz que insatisfação faz parte da adolescência, mas alerta para os "extremismos que fazem mal à saúde"

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante Mariana, 18, 1,70m, atualmente com 56 kg, diz que nunca esteve tão magra. Para chegar a esse peso, ela "pulou" muitas refeições, assim como 75% das adolescentes acompanhadas em uma pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde no ambulatório de Ginecologia da Adolescente do Hospital das Clínicas.
O problema de Mariana é que, depois de ficar sem comer uma ou duas refeições no mesmo dia, ela sente muito mais fome e devora compulsivamente pratos maiores. Em seguida, vomita o excesso.
"O indicado em regimes é justamente o contrário. Comer pouco, muitas vezes", diz o endocrinologista Alfredo Halpern, responsável pelo grupo de obesidade do HC.
Mariana reconhece: "Nem me preocupo com os métodos, o importante é a felicidade que a magreza traz".
Das 45 adolescentes pesquisadas, com idades entre 10 e 20 anos, 67% estão insatisfeitas com o próprio corpo e 37% chegam a sentir vergonha do físico.
Segundo a coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente da secretaria, a ginecologista Albertina Duarte Takiuti, "as meninas passam a evitar contato social e se escondem atrás de computadores". "Não importa a altura que tenham, o ideal é pesar 52 quilos, porque é o divulgado pela mídia", afirma Albertina, que levou um ano na pesquisa, apresentada no começo do mês no 15º Congresso Mundial de Ginecologia na Infância e Adolescência.
O resultado será usado em um projeto de capacitação de profissionais e na criação de oficinas para discutir temas como distúrbios de alimentação e auto-imagem, desenvolvido pelo HC em parceria com a Secretaria da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde.
"Adolescente está sempre insatisfeito: se não é com o corpo, é o nariz, o cabelo", atesta Alfredo Halpern. "O problema são os extremismos que podem fazer mal à saúde", diz.
Patrícia (nome fictício), 15, passou três meses comendo apenas miojo e alface e chegou a pesar 55 kg (para 1,70m). "Minha barriga era grande", acha.
Por conta desses "achismos", as jovens acabam se impondo situações indesejáveis. Uma das meninas disse que não gosta do namorado, mas aquele é o menino que quer ficar com ela. Então ela fica, conta Albertina.
Mas os meninos não preferem as mais encorpadas, consideradas "gostosas"?
A médica diz que agora prepara uma pesquisa com adolescentes do sexo masculino.


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