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Falso professor dá golpe em Higienópolis
Falando inglês e dizendo-se norte-americano, golpista conta ter sido assaltado e pede dinheiro para pegar um táxi e ir para casa
Golpista deixa telefone falso e escola onde diz trabalhar nunca ouviu falar dele; duas comunidades no Orkut reúnem 115 vítimas
ARTUR RODRIGUES
DO "AGORA"
Uma história triste, narrada
em inglês por um golpista, já
enganou centenas de pessoas
em Higienópolis (região central de São Paulo).
Há dois anos, um homem que
afirma ser norte-americano e
professor de inglês aborda as
vítimas para relatar um suposto assalto. Depois pede dinheiro emprestado para voltar para
casa de táxi. Leva R$ 10, R$ 15,
R$ 20, deixa um telefone falso
-prometendo que vai devolver
o dinheiro- e some.
O golpe já é tão comum entre
moradores e estudantes universitários da região que motivou a criação de duas comunidades no Orkut e deve ser tema
de um curta-metragem.
O homem, que ninguém sabe
se realmente é estrangeiro, usa
dois pseudônimos: Mike Austin e Steve Mason. O discurso,
sempre o mesmo, sai fluente
em inglês: ele conta que, após
ter sido assaltado por dois adolescentes armados, foi à delegacia, mas os policiais se negaram
a levá-lo até sua casa, no Brooklin (zona sul de SP).
Ele diz ser professor de inglês
na Graded School -que existe e
funciona na avenida Giovanni
Gronchi. Para ganhar a confiança das vítimas, passa telefone, e-mail e até pega o número
da conta do benfeitor.
"Nunca havia dado dinheiro
na minha vida. O cara é um
ator", conta o cineasta Yuri
Moraes, 22, que pretende tornar o golpista personagem de
um seriado de sua produtora,
chamada trintaeum filmes.
A comunidade do Orkut denominada "Mike Austin - Eu
caí" tinha 93 membros ontem.
Outra, intitulada "Mike Austin:
gringo golpista", reunia 22 integrantes. "O cara tem talento,
mas não muda a freguesia. Eu e
dois amigos caímos no golpe.
Ele deveria ir para outro lugar",
disse o estudante Conrado Lima, 18, que faz parte do grupo
de discussão.
As funcionárias da Graded
School já se acostumaram com
as ligações à procura do golpista. A instituição informou que
está ciente do problema criado
pelo falso professor de inglês,
mas prefere não se manifestar
sobre a questão.
No 4º DP (Consolação), que
atende a área onde o golpista
costuma atuar, não há nenhum
boletim de ocorrência sobre o
caso. "Seria interessante orientar as pessoas a registrar queixa", recomenda o delegado titular do DP, Roberto Carvalho.
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