São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2008

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Falso professor dá golpe em Higienópolis

Falando inglês e dizendo-se norte-americano, golpista conta ter sido assaltado e pede dinheiro para pegar um táxi e ir para casa

Golpista deixa telefone falso e escola onde diz trabalhar nunca ouviu falar dele; duas comunidades no Orkut reúnem 115 vítimas

ARTUR RODRIGUES
DO "AGORA"

Uma história triste, narrada em inglês por um golpista, já enganou centenas de pessoas em Higienópolis (região central de São Paulo).
Há dois anos, um homem que afirma ser norte-americano e professor de inglês aborda as vítimas para relatar um suposto assalto. Depois pede dinheiro emprestado para voltar para casa de táxi. Leva R$ 10, R$ 15, R$ 20, deixa um telefone falso -prometendo que vai devolver o dinheiro- e some.
O golpe já é tão comum entre moradores e estudantes universitários da região que motivou a criação de duas comunidades no Orkut e deve ser tema de um curta-metragem.
O homem, que ninguém sabe se realmente é estrangeiro, usa dois pseudônimos: Mike Austin e Steve Mason. O discurso, sempre o mesmo, sai fluente em inglês: ele conta que, após ter sido assaltado por dois adolescentes armados, foi à delegacia, mas os policiais se negaram a levá-lo até sua casa, no Brooklin (zona sul de SP).
Ele diz ser professor de inglês na Graded School -que existe e funciona na avenida Giovanni Gronchi. Para ganhar a confiança das vítimas, passa telefone, e-mail e até pega o número da conta do benfeitor.
"Nunca havia dado dinheiro na minha vida. O cara é um ator", conta o cineasta Yuri Moraes, 22, que pretende tornar o golpista personagem de um seriado de sua produtora, chamada trintaeum filmes.
A comunidade do Orkut denominada "Mike Austin - Eu caí" tinha 93 membros ontem. Outra, intitulada "Mike Austin: gringo golpista", reunia 22 integrantes. "O cara tem talento, mas não muda a freguesia. Eu e dois amigos caímos no golpe. Ele deveria ir para outro lugar", disse o estudante Conrado Lima, 18, que faz parte do grupo de discussão.
As funcionárias da Graded School já se acostumaram com as ligações à procura do golpista. A instituição informou que está ciente do problema criado pelo falso professor de inglês, mas prefere não se manifestar sobre a questão.
No 4º DP (Consolação), que atende a área onde o golpista costuma atuar, não há nenhum boletim de ocorrência sobre o caso. "Seria interessante orientar as pessoas a registrar queixa", recomenda o delegado titular do DP, Roberto Carvalho.


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