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VIOLÊNCIA
Governo prende 26 PMs suspeitos de participação na morte das três vítimas, atingidas na cabeça com tiros a curta distância
Jovens foram "executados" no Rio, diz laudo
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Laudo cadavérico do IML (Instituto Médico Legal) confirma
que três jovens entre 15 anos e 19
anos, encontrados mortos no último fim de semana em Inhaúma
(zona norte do Rio), levaram cada
um pelo menos dois tiros na cabeça disparados a curta distância.
Testemunhas disseram que eles
foram vistos pela última vez em
um carro do Grupamento Especial Tático-Móvel da Polícia Militar em Rio Comprido, na zona
norte, na noite do último sábado.
Por determinação do secretário
estadual de Segurança Pública,
Anthony Garotinho, 26 policiais
militares suspeitos de terem praticado o crime foram afastados ontem do serviço e ficarão presos
por um período de 72 horas.
Os PMs integravam duas equipes que, na noite de sábado, atuavam no Rio Comprido. Até a conclusão desta edição, seis deles já
haviam prestado depoimento à
polícia. Eles negaram envolvimento nos assassinatos.
Responsável pelas investigações, o delegado Ricardo Dias
Teixeira disse que vai investigar se
os policiais teriam cometido o crime com armas particulares.
Segundo ele, foram recolhidos
11 fuzis e 24 pistolas que estavam
com os PMs na noite dos crimes.
Segundo testemunhas, os jovens, que moravam no Rio Comprido, voltavam de uma festa junina quando foram abordados
por PMs que estavam em três Blazers e em um Gol.
Em depoimento, um taxista
afirmou que viu os três rapazes
sendo agredidos pelos PMs. A seguir, teriam sido colocados dentro de uma Blazer. A PM informou que os três jovens eram suspeitos de ter assaltado uma padaria no bairro na noite de sábado.
O delegado afirmou que os carros serão periciados porque há a
suspeita de que os jovens tenham
sido mortos dentro deles.
Os mortos foram Thiago de
Souza Marques, 15, Leandro Celestino Rodrigues, 16, e Vladir
Borges Furtado Barbosa, 19. Apenas Barbosa tinha passagem pela
polícia. Ele havia sido condenado
a cinco anos e quatro meses de
prisão por furto e cumpria pena
em regime semi-aberto.
Para o delegado, os PMs, se forem considerados culpados, serão
indiciados por triplo homicídio.
Policiais do grupamento também são investigados pela morte
de três adolescentes de 16 anos. O
caso ocorreu no dia 18 de setembro do ano passado. Os corpos foram encontrados na estrada do
Sumaré (zona sul).
Segundo depoimentos de testemunhas, os três rapazes estavam
passeando de bicicleta no Méier
(zona norte) quando foram abordados por PMs e colocados em
um carro. Depois, não foram mais
vistos. O caso não foi concluído
porque nenhum PM foi reconhecido até agora por testemunhas.
Associação de PMs
A Associação dos Policiais Militares do Brasil criticou, em nota
oficial, a determinação do secretário Anthony Garotinho de afastar
26 policiais suspeitos de envolvimento na morte dos três rapazes
de Rio Comprido.
Segundo a nota, o caso está sendo tratado de forma política,
"procurando aferir dividendos
eleitorais". A entidade diz, no documento, que a decisão de Garotinho fere a Declaração Universal
dos Direitos Humanos.
Para a associação, a "legalidade", o "respeito aos direitos humanos" e a "moralidade são colocados de lado" pela decisão do secretário. A nota diz que não há
unidade da PM com capacidade
para abrigar os 26 policiais.
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