São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2004

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Astério diz não divulgar lista para evitar fraude

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA SUCURSAL DO RIO

Em depoimento ontem à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa sobre a rebelião na Casa de Custódia de Benfica, o secretário estadual de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, disse que "alguns jornais" precisam "passar por um episódio como aquele do Tim Lopes".
"Alguns jornais estão adotando a linha de não fazer apologia a facções. E me parece que alguns estão precisando passar por um episódio como aquele do Tim Lopes, que trouxe comoção interna ao nosso Estado e ao Brasil, para que reflitamos sobre a importância de encarar isso com seriedade."
O jornalista Tim Lopes, da Rede Globo, foi morto em 2002 pelo bando do antigo chefe do tráfico no complexo de favelas do Alemão (zona norte do Rio) Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, da facção CV (Comando Vermelho).
Ele estava no complexo a serviço da emissora. Fazia uma reportagem usando câmera escondida.
A declaração de Santos aludia à cobertura jornalística da rebelião ocorrida entre 29 e 31 de maio. Morreram 30 presos e um agente. Para ele, alguns jornais enaltecem as facções que atuam no Rio.
O secretário disse que a lista total de mortos e de fugitivos na rebelião não foi divulgada "para não dar margem à fraude".
"A família de um fugitivo poderia alegar que ele é um dos 11 mortos que não foram identificados."
O secretário voltou a dizer que defendia a invasão da casa de custódia, medida desautorizada pelo secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho (PMDB), que optou por chamar um pastor para conduzir as negociações.
"Isso [a participação do pastor] você tem que perguntar ao secretário de Segurança [Anthony Garotinho], que foi quem decidiu deixar o pastor entrar. A minha decisão tinha sido a invasão do presídio", afirmou.
Segundo Santos, a proibição da entrada de entidades de direitos humanos e de defensores públicos na cadeia após o fim da rebelião também foi de Garotinho.
O secretário declarou ainda aos deputados ter sido "prematuro" transferir presos para a Casa de Custódia de Benfica antes do fim das obras, mas justificou a decisão devido às "condições desumanas" de algumas delegacias.


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