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Astério diz não divulgar
lista para evitar fraude
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA SUCURSAL DO RIO
Em depoimento ontem à Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia Legislativa sobre a rebelião na Casa de Custódia de
Benfica, o secretário estadual de
Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, disse que
"alguns jornais" precisam "passar
por um episódio como aquele do
Tim Lopes".
"Alguns jornais estão adotando
a linha de não fazer apologia a facções. E me parece que alguns estão precisando passar por um episódio como aquele do Tim Lopes,
que trouxe comoção interna ao
nosso Estado e ao Brasil, para que
reflitamos sobre a importância de
encarar isso com seriedade."
O jornalista Tim Lopes, da Rede
Globo, foi morto em 2002 pelo
bando do antigo chefe do tráfico
no complexo de favelas do Alemão (zona norte do Rio) Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, da
facção CV (Comando Vermelho).
Ele estava no complexo a serviço da emissora. Fazia uma reportagem usando câmera escondida.
A declaração de Santos aludia à
cobertura jornalística da rebelião
ocorrida entre 29 e 31 de maio.
Morreram 30 presos e um agente.
Para ele, alguns jornais enaltecem
as facções que atuam no Rio.
O secretário disse que a lista total de mortos e de fugitivos na rebelião não foi divulgada "para
não dar margem à fraude".
"A família de um fugitivo poderia alegar que ele é um dos 11 mortos que não foram identificados."
O secretário voltou a dizer que
defendia a invasão da casa de custódia, medida desautorizada pelo
secretário de Segurança Pública,
Anthony Garotinho (PMDB), que
optou por chamar um pastor para
conduzir as negociações.
"Isso [a participação do pastor]
você tem que perguntar ao secretário de Segurança [Anthony Garotinho], que foi quem decidiu
deixar o pastor entrar. A minha
decisão tinha sido a invasão do
presídio", afirmou.
Segundo Santos, a proibição da
entrada de entidades de direitos
humanos e de defensores públicos na cadeia após o fim da rebelião também foi de Garotinho.
O secretário declarou ainda aos
deputados ter sido "prematuro"
transferir presos para a Casa de
Custódia de Benfica antes do fim
das obras, mas justificou a decisão
devido às "condições desumanas" de algumas delegacias.
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