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Marcha para Jesus reúne multidão verde-e-amarela
Cerca de 3 milhões de pessoas, de acordo com a PM, passaram pelo evento
Prefeito e governador participaram da festa evangélica que, segundo Kassab, não acontecerá mais na Paulista em 2007
Almeida Rocha/Folha Imagem
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Multidão que integra a marcha passa pela av. Dr. Arnaldo, próximo à av. Paulista, o local principal do evento |
FERNANDA BASSETTE
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais parecia uma torcida organizada em pleno jogo de Copa do Mundo. Vestidos de verde-e-amarelo, carregando apitos, cornetas e faixas de louvor
a Jesus, cerca de 3 milhões de
pessoas -segundo estimativas
da Polícia Militar- passaram
ontem pela 14ª edição da Marcha para Jesus, o maior evento
evangélico do país.
Nem mesmo o forte calor foi
suficiente para fazer com que
adolescentes e famílias desistissem de ir até a avenida Paulista para acompanhar de perto
as 25 atrações musicais do
evento -entre elas a banda de
rock gospel Resgate, formada
por quatro bispos, uma das
mais esperadas pelo público.
A marcha organizada pela
igreja Renascer em Cristo, contou com a participação de 550
denominações evangélicas, entre elas a Assembléia de Deus,
tida como a maior do país. "Estamos aqui pelo desejo de exaltar a Cristo", afirmou o apóstolo Estevam Hernandes, líder
máximo da Renascer.
Segundo o IBGE, mais de
15% da população brasileira é
evangélica. A religião é a que
mais cresce no país.
Hernandes disse que a marcha foi realizada no dia de Corpus Christi porque o evento
cresceu demais e era preciso
escolher um feriado que causasse menos transtornos à cidade. Segundo a PM, cerca de 3
milhões passaram pelo evento,
que durou cerca de dez horas e
que teve um público fixo de 1
milhão. Em 2005, também segundo a PM, aproximadamente
2 milhões de pessoas circularam pelo local, sendo 350 mil
simultaneamente.
A caminhada começou na
avenida Doutor Arnaldo por
volta das 10h e seguiu rumo ao
palco montado na avenida Paulista. O grupo foi guiado por
cinco trios elétricos. Do alto do
trio, um dos representantes da
igreja anunciou que iria abençoar a região.
"Retira Senhor toda essa atmosfera de malignidade que está sobre essa região. Expulsa o
espírito da prostituição", disse,
poucos metros após o trio passar pela rua Augusta, conhecido ponto de prostituição.
Em vez de saias compridas,
grande parte das mulheres
usou calça jeans e deu cara própria às camisetas oficiais da
marcha usando lantejoulas, gliter e fitas. A auxiliar administrativa Gláucia de Andrade Lima, 23, teve o cuidado de pintar
uma bandeira do Brasil em volta do logo oficial da marcha.
"Comprei a camiseta oficial e
uma outra amarela. Recortei o
logotipo, pintei a bandeira à
mão e bordei com lantejoulas.
Queria me diferenciar das outras meninas, mudar o visual,
ficar mais bonita", disse.
Muitos vieram de longe para
participar do evento. "É a terceira vez que participo da marcha. Acho importante porque
as pessoas precisavam ter muita fé e determinação", disse a
empresária Marita Aparecida
Costa Lopes, 46, que mora em
Franca (400 km de SP).
O governador Cláudio Lembo e o prefeito Gilberto Kassab,
ambos do PFL, passaram pelo
local rapidamente por volta das
13h para apoiar a marcha.
Perguntado sobre o fato de
ser o primeiro governador a
participar do evento (o ex-governador Geraldo Alckmin
nunca participou), Lembo, que
é católico, disse que "um governador tem que ser governador
de todas as religiões de seu Estado. São Paulo sofreu tanto em
maio [por causa dos ataques do
PCC] que é bom que em junho
haja calor, luz. E acima de tudo
um sentimento religioso".
E mais uma vez a prefeitura
informou que não haverá mais
eventos na avenida Paulista,
com exceção do Revéillon.
Questionado, o prefeito disse
que "desta vez é definitivo".
Kassab não soube informar,
porém, onde serão realizados
os eventos no próximo ano.
"Em entendimento com a prefeitura e os organizadores, o
Ministério Público permitiu a
realização do evento mais um
ano [na Paulista] mediante um
rigoroso controle."
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