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Vetado nos EUA, remédio para obesos valerá no Brasil
Governo vai manter o registro do Acomplia e o início da comercialização no país está previsto para o final de julho
Comitê da agência norte-americana de produtos
farmacêuticos alegou
necessidade de observar por
mais tempo efeitos colaterais
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo brasileiro vai
manter o registro do remédio
contra obesidade que foi vetado
por um comitê de 14 especialistas do FDA, agência norte-americana que regula os produtos
alimentícios e farmacêuticos,
na última quarta-feira. O início
da comercialização no país está
previsto para o final de julho.
O medicamento Acomplia
(rimonabanto) -uma das
maiores promessas da indústria farmacêutica para o controle, ao mesmo tempo, da obesidade, do colesterol ruim e da
diabetes- foi aprovado há um
ano na Europa e há dois meses
no Brasil.
A decisão unânime do comitê
norte-americano não é definitiva, mas o FDA costuma seguir
as orientações desses especialistas. A alegação para o veto é a
necessidade de se observar por
mais tempo os efeitos colaterais, especialmente os distúrbios psiquiátricos que foram
associados ao uso do remédio,
antes de liberá-lo para a venda.
Segundo a Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária), o registro do rimonabanto
será mantido porque os resultados das pesquisas clínicas demonstraram que, obedecidas
as indicações médicas, o remédio é seguro. Por se tratar de
uma droga nova, a agência vai
monitorar durante cinco anos
os possíveis efeitos colaterais.
O comitê do FDA revisou os
resultados de um amplo programa de 59 estudos clínicos
que envolveram mais de 15 mil
pacientes. Dados adicionais sobre a segurança do rimonabanto foram obtidos a partir de estudos ainda em andamento e de
mais de 110 mil pessoas que já
tomaram o rimonabanto na
Europa e em outros países.
O veto se apoiou no fato de
que os pacientes que tomaram
o medicamento tiveram duas
vezes mais efeitos colaterais
psiquiátricos -incluindo depressão, ansiedade e problemas
de sono- do que pessoas que
receberam tratamento com
placebo.
Para Sandy Walsh, porta-voz
da agência, "é mais adequado
acumular informações adicionais e observar a ação do rimonabanto com mais atenção antes de partir para o uso em massa da droga para perda de peso".
Segundo comunicado da Sanofi-Aventis, fabricante do remédio, a empresa continuará a
trabalhar de maneira próxima
ao FDA para cumprir as recomendações do comitê.
Ela informa que, no próximo
mês, discutirá com o FDA um
PDUFA (acordo que prevê que
a indústria farmacêutica faça
um pagamento adicional à
agência para a contratação de
recursos extras que permitam a
aceleração dos processos de
análise e aprovação de seus novos medicamentos) para a análise do rimonabanto.
O remédio e os seus efeitos,
de acordo com a empresa, têm
sido exaustivamente estudados
e há perfis de eficácia e segurança bem definidos.
Além dos eventos adversos
psiquiátricos, foram constatados distúrbios gastrintestinais
(náuseas, vômitos, diarréia) e
do sistema nervoso (dor de cabeça, tonturas).
"Os eventos adversos geralmente ocorreram dentro dos
primeiros dois a três meses de
tratamento e foram freqüentemente de intensidade leve a
moderada", informou a Sanofi-Aventis.
O rimonabanto está aprovado em 37 países, já sendo comercializado em 18 deles. A
principal indicação do remédio
é para as pessoas que têm acúmulo de gordura abdominal
-que se infiltra entre os órgãos
e produz substâncias que aumentam o risco de doenças cardiovasculares.
Essa situação também estimula a elevação do colesterol e
do diabetes tipo 2.
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