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SAÚDE
Descoberta aconteceu na mesa do centro cirúrgico do hospital estadual Brigadeiro
Cirurgia é adiada por falta de anestesia
DO "AGORA"
A falta de um anestésico no hospital estadual Brigadeiro, no Jardim Paulistano (zona sul de São
Paulo), fez com que uma cirurgia
marcada para as 8h de ontem fosse adiada. E a descoberta só aconteceu na mesa do centro cirúrgico, quando os médicos estavam
prontos para iniciar a operação.
"Eu estava até cansada de tanto
rezar quando uma médica veio
dizendo que não havia anestésico", disse Angelita Márcia de Oliveira, 28. Ela é mulher do auditor
Jadiel Frazão de Oliveira, 29, internado há 16 dias no hospital para a retirada de um tumor na hipófise -glândula que produz
hormônios. Se não for tratada a
tempo, a doença pode causar cegueira, gigantismo (crescimento
além do normal) e até a morte.
Ainda ontem, Neide Aparecida,
36, trouxe o filho de quatro anos,
de Extrema (MG), para que ele
passasse por uma consulta. Ele
tem leucemia e precisa de Ibuprofeno (antiinflamatório), em falta
há dez dias. Uma ampola desse
remédio custa cerca de R$ 76.
Problemas nesse hospital, de
responsabilidade da Secretaria de
Estado da Saúde, não são novos.
Há dois meses, a reportagem
constatou no local banheiros quebrados, infiltrações e um elevador
só para pacientes onde eram levados também cadáveres.
Em maio, médicos começaram
a elaborar relatórios apontando
irregularidades como deterioração de equipamentos e falta de
medicamentos e de profissionais.
Faltaria até itens básicos, como fio
de sutura. O cirurgião plástico
Davis Barbosa disse que gasta até
R$ 40 por mês para comprar os
fios. "Às vezes peço emprestado
para colegas de outros hospitais."
Os relatórios foram entregues
neste mês ao governo estadual.
Outro lado
O diretor técnico do hospital,
Ricardo José Salim, disse, à respeito da cirurgia adiada, que não
havia substituto à substância usada. Ele afirmou que, "como a cirurgia não é emergencial, pôde
ser adiada". Já sobre o antiinflamatório disse que não há previsão
para ser entregue. O diretor admitiu a falta de fios de sutura do calibre "seis zeros" (finíssimo), mas
afirmou que pode ser substituído
pelo "cinco zeros" (mais grosso).
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