São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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SAÚDE

Descoberta aconteceu na mesa do centro cirúrgico do hospital estadual Brigadeiro

Cirurgia é adiada por falta de anestesia

DO "AGORA"

A falta de um anestésico no hospital estadual Brigadeiro, no Jardim Paulistano (zona sul de São Paulo), fez com que uma cirurgia marcada para as 8h de ontem fosse adiada. E a descoberta só aconteceu na mesa do centro cirúrgico, quando os médicos estavam prontos para iniciar a operação.
"Eu estava até cansada de tanto rezar quando uma médica veio dizendo que não havia anestésico", disse Angelita Márcia de Oliveira, 28. Ela é mulher do auditor Jadiel Frazão de Oliveira, 29, internado há 16 dias no hospital para a retirada de um tumor na hipófise -glândula que produz hormônios. Se não for tratada a tempo, a doença pode causar cegueira, gigantismo (crescimento além do normal) e até a morte.
Ainda ontem, Neide Aparecida, 36, trouxe o filho de quatro anos, de Extrema (MG), para que ele passasse por uma consulta. Ele tem leucemia e precisa de Ibuprofeno (antiinflamatório), em falta há dez dias. Uma ampola desse remédio custa cerca de R$ 76.
Problemas nesse hospital, de responsabilidade da Secretaria de Estado da Saúde, não são novos. Há dois meses, a reportagem constatou no local banheiros quebrados, infiltrações e um elevador só para pacientes onde eram levados também cadáveres.
Em maio, médicos começaram a elaborar relatórios apontando irregularidades como deterioração de equipamentos e falta de medicamentos e de profissionais. Faltaria até itens básicos, como fio de sutura. O cirurgião plástico Davis Barbosa disse que gasta até R$ 40 por mês para comprar os fios. "Às vezes peço emprestado para colegas de outros hospitais."
Os relatórios foram entregues neste mês ao governo estadual.

Outro lado
O diretor técnico do hospital, Ricardo José Salim, disse, à respeito da cirurgia adiada, que não havia substituto à substância usada. Ele afirmou que, "como a cirurgia não é emergencial, pôde ser adiada". Já sobre o antiinflamatório disse que não há previsão para ser entregue. O diretor admitiu a falta de fios de sutura do calibre "seis zeros" (finíssimo), mas afirmou que pode ser substituído pelo "cinco zeros" (mais grosso).


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