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PCC arregimenta jovens em PE, diz CPI
Depoimentos colhidos indicam que facção criminosa coopta pessoas sem antecedentes criminais no Estado nordestino
Homem apontado como líder do grupo no Nordeste teve 5 resgates frustrados; reações no Amazonas e no Paraná são investigadas
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Depoimentos reservados dados à CPI do Tráfico de Armas
da Câmara revelam que a facção criminosa paulista PCC
tem recrutado jovens em Pernambuco, sem antecedentes
criminais, para praticar no
Nordeste e no sul do país crimes como tráfico de drogas e
assalto a bancos e carros-fortes.
Segundo deputados, o PCC já
tem ao menos 41 membros em
Pernambuco, dentro ou fora de
prisões, e o líder do Nordeste, o
paraibano Sidney Romualdo.
Oriundo de Diadema (SP) e detido na ilha de Itamaracá (PE),
ele foi escolhido por Marcos
Williams Herbas Camacho, o
Marcola, chefe da facção.
Segundo a CPI, jovens recrutados na capital e no sertão são
treinados para a função. Romualdo confirmou a informação em depoimento. Desde fevereiro, houve cinco tentativas
de resgatá-lo. O governo reforçou a segurança da unidade.
O delegado Newson Motta da
Costa Júnior, da Polícia Civil
pernambucana, diz ter "evidência do recrutamento de
pessoas para assaltos". "O PCC
vem ao Nordeste trazendo conhecimento das ações no sul.
Vem em busca de dinheiro."
Em maio, a polícia descobriu
um plano de Romualdo para
atacar ônibus, realizar rebeliões e matar bombeiros e policiais. A ação foi frustrada.
Segundo a CPI, duas razões
levaram o PCC a Pernambuco:
é o maior produtor de maconha
no país e um grande entreposto
de armas vindas do Suriname.
Para o deputado federal Luiz
Couto (PT-PB), a presença do
PCC em Pernambuco confirma
o depoimento de Marcola na
CPI de que a facção teria células em todos os Estados.
O PCC também já começou a
entrar na região Norte. O procurador João Bosco Sá Valente,
coordenador-chefe do Centro
Operacional de Apoio ao Combate ao Crime Organizado do
Ministério Público do Amazonas, disse que detentos de seu
Estado falam por celular com
presos em presídios paulistas.
Em maio, foi preso Sidney Cândido Neto Borges, o Bid, acusado de assaltar carros-fortes e liderar o grupo na região.
Documento obtido pela Folha indica também que a facção
quer agir no Paraná. Segundo o
serviço de inteligência da polícia local, o PCC planeja enviar
150 homens para o Estado e
juntar cerca de 400 pessoas para atacar as sedes das polícias
Federal e Rodoviária Federal, a
Receita Federal, a PM, delegacias e presídios, principalmente em Curitiba e Foz do Iguaçu.
A possível transferência de
40 líderes da facção para o presídio federal de Catanduvas
(PR) é um dos temores dos líderes do grupo. Anteontem, dois
ônibus foram incendiados em
Foz do Iguaçu e Cascavel. Duas
rebeliões foram deflagradas.
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