São Paulo, domingo, 16 de julho de 2006

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PCC arregimenta jovens em PE, diz CPI

Depoimentos colhidos indicam que facção criminosa coopta pessoas sem antecedentes criminais no Estado nordestino

Homem apontado como líder do grupo no Nordeste teve 5 resgates frustrados; reações no Amazonas e no Paraná são investigadas

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Depoimentos reservados dados à CPI do Tráfico de Armas da Câmara revelam que a facção criminosa paulista PCC tem recrutado jovens em Pernambuco, sem antecedentes criminais, para praticar no Nordeste e no sul do país crimes como tráfico de drogas e assalto a bancos e carros-fortes.
Segundo deputados, o PCC já tem ao menos 41 membros em Pernambuco, dentro ou fora de prisões, e o líder do Nordeste, o paraibano Sidney Romualdo. Oriundo de Diadema (SP) e detido na ilha de Itamaracá (PE), ele foi escolhido por Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola, chefe da facção.
Segundo a CPI, jovens recrutados na capital e no sertão são treinados para a função. Romualdo confirmou a informação em depoimento. Desde fevereiro, houve cinco tentativas de resgatá-lo. O governo reforçou a segurança da unidade.
O delegado Newson Motta da Costa Júnior, da Polícia Civil pernambucana, diz ter "evidência do recrutamento de pessoas para assaltos". "O PCC vem ao Nordeste trazendo conhecimento das ações no sul. Vem em busca de dinheiro."
Em maio, a polícia descobriu um plano de Romualdo para atacar ônibus, realizar rebeliões e matar bombeiros e policiais. A ação foi frustrada.
Segundo a CPI, duas razões levaram o PCC a Pernambuco: é o maior produtor de maconha no país e um grande entreposto de armas vindas do Suriname.
Para o deputado federal Luiz Couto (PT-PB), a presença do PCC em Pernambuco confirma o depoimento de Marcola na CPI de que a facção teria células em todos os Estados.
O PCC também já começou a entrar na região Norte. O procurador João Bosco Sá Valente, coordenador-chefe do Centro Operacional de Apoio ao Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Amazonas, disse que detentos de seu Estado falam por celular com presos em presídios paulistas. Em maio, foi preso Sidney Cândido Neto Borges, o Bid, acusado de assaltar carros-fortes e liderar o grupo na região.
Documento obtido pela Folha indica também que a facção quer agir no Paraná. Segundo o serviço de inteligência da polícia local, o PCC planeja enviar 150 homens para o Estado e juntar cerca de 400 pessoas para atacar as sedes das polícias Federal e Rodoviária Federal, a Receita Federal, a PM, delegacias e presídios, principalmente em Curitiba e Foz do Iguaçu.
A possível transferência de 40 líderes da facção para o presídio federal de Catanduvas (PR) é um dos temores dos líderes do grupo. Anteontem, dois ônibus foram incendiados em Foz do Iguaçu e Cascavel. Duas rebeliões foram deflagradas.


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