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SAÚDE / INFECTOLOGIA
Transmissão do rotavírus é mais fácil no inverno
Governo já vacinou 373 mil crianças, entre 2 e 4 meses, para combater o vírus
Vacina contra o vírus, que é a principal causa de diarréia em crianças, foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação no mês de março
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Reconhecido internacionalmente como sendo o principal
responsável pelos casos de
diarréia em crianças com até
cinco anos de idade, o rotavírus
tem sua ação ampliada no inverno. Conseqüentemente,
mais crianças procuram unidades de saúde com diarréia intensa nesta época. Se não for
tratada a tempo, a diarréia provocada pelo rotavírus pode levar à desidratação e à morte.
Longe de ser um problema
erradicado -estima-se que cerca de um milhão de crianças no
mundo são infectadas pelo rotavírus por ano-, há quatro
meses o Ministério da Saúde
incluiu a vacina contra o rotavírus no Calendário Nacional de
Vacinação para tentar minimizar o problema e diminuir o número de mortes de crianças.
Em 2000, segundo levantamento do ministério, foram
1.312 mortes. No ano passado,
1.021. Com a vacina, que tem
85% de eficácia comprovada,
espera-se uma redução de até
850 mortes por ano.
O governo também quer reduzir o número de internações
por conta do vírus. O mesmo levantamento mostra que cerca
de 125 mil crianças são internadas por ano por causa de diarréia provocada pelo rotavírus.
Com a introdução da vacina, o
objetivo é ter uma queda de até
35% nas internações.
Para iniciar a campanha, o
governo adquiriu oito milhões
de doses do produto. Quatro
meses depois, levantamento do
órgão aponta que até maio, pelo
menos 372.802 crianças entre
dois e quatro meses foram vacinadas no país.
Só no Estado de São Paulo,
segundo dados da Secretaria de
Estado da Saúde, 150 mil bebês
foram beneficiados com a primeira dose da vacina -o que
corresponde a 95% do público
alvo da campanha. "A vacina
ainda é nova no calendário, mas
já tivemos quase 100% de adesão. Com certeza é um avanço e
ela deve evitar muitas internações e até mortes de crianças
em todo o país", disse Clélia
Aranda, superintendente de
imunização da pasta.
Contaminação
A transmissão do rotavírus
acontece por via fecal-oral, por
meio do contato entre as pessoas, e também por meio de
água, alimentos e utensílios
contaminados. Com o tempo
frio, as crianças tendem a ficar
mais aglomeradas -inclusive
em creches e escolas- facilitando a transmissão do vírus.
Uma vez em contato com o
organismo, o vírus invade a
mucosa intestinal e provoca lesões celulares. Dessa forma, o
intestino tenta "expulsar" o
agente agressor, aumentando
as contrações e produzindo
mais líquidos -o que vai causar
a diarréia intensa.
"A diarréia é a reação do organismo contra o rotavírus. Ela
contribui com a melhora do paciente. É por isso que o tratamento não inclui encerrar a
diarréia e sim tratar os sintomas [febre, dor e mal-estar] e
manter a hidratação da criança", explicou o infectologista
Marcelo de Carvalho Ramos,
professor da Unicamp.
"Geralmente os sintomas são
semelhantes aos de outras viroses. Mas, normalmente, os casos se resolvem sozinhos entre
sete e dez dias, desde que a hidratação seja feita corretamente", disse Evandro Roberto Baldacci, infectologista e pediatra
do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas.
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