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JESUS SANTIAGO MOURE (1912-2010)
Padre que se dedicou à ciência
FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma vida dedicada à ciência e à religião, sem nunca
misturá-las. Esse era Jesus
Santiago Moure, o padre que
participou da fundação dos
principais órgãos de pesquisa científica no Brasil.
Expoente da geração que
lutou para instalar a pós-graduação no país, ele acreditava na produção de conhecimento para destacar o Brasil
entre os países emergentes.
Nasceu em 1912, em Ribeirão Preto (SP). Seu pai era
mestre de obras e deixou a
Espanha para tentar a vida
no Brasil com a mulher.
Em 1925, aproximou-se da
ciência quando já estudava
religião. Estava no Seminário
Claretiano, em Curitiba, e tinha como hobby colecionar
insetos. As abelhas foram o
seu grande objeto de estudo.
Em viagens aos EUA e à
Europa nos anos 50, imaginou as bases para a fundação
da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico) e da
Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior).
Os sobrinhos gostavam de
provocá-lo, fazendo perguntas polêmicas sobre religião e
ciência. Ele sempre separou
as duas coisas. Em seus sermões, percebia-se apenas a
perspicácia do cientista.
Durante anos, realizava
missas e, antes das 8h, já estava trabalhando no Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná.
Por seu trabalho, recebeu,
entre outras, a medalha Grã-Cruz da Ordem Nacional do
Mérito Científico, em 1998.
Morreu no sábado, aos 97,
devido à idade avançada, em
Batatais (SP), onde foi viver
num retiro de padres.
coluna.obituario@uol.com.br
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