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Lei contra homofobia só rendeu 7 multas em 8 anos
Criada em 2001, lei motivou 144 denúncias; 22 resultaram em advertência
Dinheiro da multa vai para os cofres do Estado e não do denunciante;
é preciso pagá-la antes para poder recorrer
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
Um casal de rapazes gays
entra no supermercado Carrefour de Piracicaba e ouve
um dos seguranças dizer aos
outros pelo rádio: "Estão entrando dois veados!"
Muitos teriam engolido a
ofensa, mas, segundo relatado em juízo pela dupla, os
dois: 1) Questionaram o funcionário; 2) Procuraram uma
chefe dele, em vão; 3) Por
fim, registraram queixa e
processaram a empresa.
Com base na Lei da Homofobia, o caso acabou em multa de R$ 48 mil ao Carrefour
em agosto de 2008. Em outro
caso, o mesmo supermercado foi multado em R$ 15 mil
depois que travestis disseram ter sido xingados por
empregados do local.
Os exemplos fazem do Carrefour uma exceção no país.
Apesar de vigorar desde novembro de 2001, a lei estadual 10.948, que pune quem
xingar ou agredir pessoas declaradamente gays, só rendeu sete multas até hoje.
Segundo a Secretaria de
Estado da Justiça e Cidadania, que coordena as ações,
foram recebidas 144 denúncias de homofobia até hoje.
Dessas, 46 viraram processos
que estão em andamento e
outras 28 foram arquivadas
principalmente por desistência do denunciante, muitas
vezes por falta de provas.
Outros 41 acusados -pessoas ou empresas- foram
absolvidos. Dos casos condenados, 22 resultaram em advertência. Se há multa, o dinheiro vai para os cofres do
Estado. É preciso pagá-la para poder recorrer.
Procurado, o Carrefour diz
que não comenta processos e
que faz parte de sua política o
respeito à diversidade e a
"disseminação da importância da valorização das pessoas e suas diferenças."
POUCAS DENÚNCIAS
Até hoje, nenhum bar ou
restaurante teve o alvará cassado, uma das penas previstas na lei. A última polêmica
envolvendo suposta agressão por preconceito ocorreu
em um bar em Campinas na
sexta-feira.
Para coordenador de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria, Dimitri
Sales, as multas são poucas
porque poucas denúncias
são feitas. "Muitos não denunciam, porque não sentem que seus direitos são garantidos", diz.
Irina Bacci, secretária-geral da ABGLT, entidade nacional que representa os homossexuais, disse que falta
maior divulgação do Estado
para que a lei se torne conhecida. "A divulgação ainda fica nas costas das entidades."
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