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SISTEMA CARCERÁRIO
Dados indicam que 50% das condenações na esfera federal permitem esse tipo de punição, que é mais barata
Pena alternativa só atinge 9% dos infratores
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
As penas alternativas -recomendadas para crimes de pequena e média gravidade- beneficiam apenas 8,7% dos infratores
do país. Em alguns Estados, no
entanto, não chegam nem a esse
percentual: em São Paulo, por
exemplo, as penas beneficiam
apenas 1,3% dos infratores.
Um balanço realizado pela Cenapa (Central Nacional de Apoio
e Acompanhamento às Penas e
Medidas Alternativas), órgão vinculado ao Ministério da Justiça,
mostra que atualmente cerca de
22 mil pessoas são beneficiadas
com as punições restritivas de direito (como são chamadas as penas alternativas), para uma população carcerária de aproximadamente 248 mil presos e cerca de
185 mil vagas no país.
De acordo com o juiz da 7ª Vara
Federal Criminal em São Paulo,
Ali Mazloum, cerca de 50% das
ações penais na esfera federal permitem que sejam aplicadas as penas alternativas. O juiz estima
que, na esfera estadual, esse percentual chegue a 60%.
"A pena alternativa é a saída para alguns problemas que o sistema penitenciário enfrenta hoje,
como a superlotação e a falência
na ressocialização do preso", afirma Ali Mazloum.
Outra vantagem desse tipo de
punição é o baixo custo para o governo estadual. Enquanto um detento custa cerca de R$ 800, o gasto com um prestador de serviços
varia de R$ 60 a R$ 80.
Uma mudança na legislação,
feita em 1998, permite que os condenados a até quatro anos de prisão, cujo crime não envolveu violência, tenham a pena convertida
para uma punição restritiva de direito. As mais indicadas são a
prestação de serviços à comunidade e as penas pecuniárias, no
qual o condenado faz doações de
cestas básicas, por exemplo.
"Ainda não temos um estudo
mostrando quantos presos poderiam estar cumprindo essas penas, mas sabemos que é um número maior do que o atual", afirma Heloísa Helena Pires Adario,
presidente da Cenapa.
Cinco anos depois do surgimento da lei nº 9.714/98 -que alterou e ampliou a aplicação das
penas alternativas-, todos os Estados do país já possuem pelo menos uma central de apoio e acompanhamento. No entanto, sua
atuação ainda está limitada em
decorrência da falta de estrutura,
de recursos e de confiança do Poder Judiciário.
"O problema das centrais, geralmente criadas junto aos Tribunais
de Justiça, é a continuidade do
trabalho. Como dependem da
verba repassada pelo ministério,
quando atrasamos a verba por algum problema, elas param de
funcionar", diz Adario.
São Paulo
Em São Paulo, a central de
acompanhamento foi criada pela
Secretaria de Estado da Administração Penitenciária. O governo
possui sete centrais -uma instalada na capital e seis no interior.
Atualmente, existem cerca de
2.000 pessoas cumprindo algum
tipo de pena alternativa, para uma
população de cerca de 150 mil
presos em todo o Estado.
"Alguns estudos indicam que
cerca de 10% dos presos de São
Paulo poderiam estar cumprindo
outro tipo de pena", afirma Maria
Eli Bruno, coordenadora da central de São Paulo.
Seriam 15 mil presos a menos
nas penitenciárias, que poderiam
trabalhar em instituições públicas
ou sem fins lucrativos. "Temos
2.000, espalhados por cerca de 600
instituições, mas quando dizem
que é pouco, eu digo que são alguns presídios a menos no Estado", diz Maria Eli Bruno.
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