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SEGURANÇA
Acervo do século 18 roubado de igrejas mineiras por quadrilha estava sendo restaurado e deveria ser vendido
Polícia Federal apreende peças sacras em SP
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal apreendeu
mais de 50 peças sacras do século
18 em uma operação realizada ontem em São Paulo. Suspeita-se
que o acervo, retirado de igrejas
mineiras, estava sendo recuperado para ser vendido, inclusive a
colecionadores estrangeiros.
O restaurador José Timóteo Rodrigues, 73, foi preso, acusado de
integrar uma das principais quadrilhas de roubo a igrejas no interior de Minas Gerais. Parte do
material apreendido estava na casa dele e em seu ateliê, na região
do Jabaquara (zona sul de SP).
Ontem à noite, a polícia ouvia
um outro suspeito -um antiquário que seria responsável por encontrar compradores.
A contagem final do número de
obras apreendidas será feita durante o inquérito, assim como a
identificação das igrejas de onde
elas foram retiradas. A Polícia Federal não tinha estimativa ontem
do valor do patrimônio.
Uma das obras, uma imagem de
Nossa Senhora da Conceição, estaria sendo negociada por US$ 70
mil (R$ 209,3 mil).
Apenas neste ano, a quadrilha
teria saqueado peças da igreja
Santo Amaro, em Brumal, distrito
de Santa Bárbara, e da igreja Matriz de São Caetano, em Monsenhor Horta, distrito de Mariana.
A operação de ontem é resultado da investigação desses dois crimes, segundo a Polícia Federal.
Os ladrões costumavam visitar
as igrejas durante o dia para escolher as peças mais valiosas. À noite, arrombavam portas e janelas e
saqueavam os altares.
Parte do grupo, que seria formado por oito pessoas, foi presa
em 98 após a invasão de uma igreja em Mariana -a mesma atacada neste ano. Um ainda está detido, cumprindo pena em São Paulo, e os demais estão foragidos.
Segundo a Polícia Federal, parte
das peças saiu do país. Há informação sobre compradores na
Alemanha e até no Uruguai.
Entre as obras apreendidas estão anjos tocheiros, oratórios e
imagens de santos.
O restaurador detido seria o responsável por recuperar as peças
roubadas pela quadrilha, que
eram enviadas diretamente ao seu
ateliê. Depois, uma outra pessoa
providenciava a venda.
Rodrigues não tinha advogado
constituído ontem para falar em
seu nome. A Polícia Federal não o
autorizou a dar entrevista.
O outro suspeito, que estava
acompanhado de advogado, seria
ouvido. Depois disso, a polícia decidiria pela sua prisão ou não.
Sobre as duas peças encontradas com ele, o advogado que o defende disse que ""foram compradas com documentos legais, sem
saber que eram roubadas".
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