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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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SEGURANÇA

Acervo do século 18 roubado de igrejas mineiras por quadrilha estava sendo restaurado e deveria ser vendido

Polícia Federal apreende peças sacras em SP

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal apreendeu mais de 50 peças sacras do século 18 em uma operação realizada ontem em São Paulo. Suspeita-se que o acervo, retirado de igrejas mineiras, estava sendo recuperado para ser vendido, inclusive a colecionadores estrangeiros.
O restaurador José Timóteo Rodrigues, 73, foi preso, acusado de integrar uma das principais quadrilhas de roubo a igrejas no interior de Minas Gerais. Parte do material apreendido estava na casa dele e em seu ateliê, na região do Jabaquara (zona sul de SP).
Ontem à noite, a polícia ouvia um outro suspeito -um antiquário que seria responsável por encontrar compradores.
A contagem final do número de obras apreendidas será feita durante o inquérito, assim como a identificação das igrejas de onde elas foram retiradas. A Polícia Federal não tinha estimativa ontem do valor do patrimônio.
Uma das obras, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, estaria sendo negociada por US$ 70 mil (R$ 209,3 mil).
Apenas neste ano, a quadrilha teria saqueado peças da igreja Santo Amaro, em Brumal, distrito de Santa Bárbara, e da igreja Matriz de São Caetano, em Monsenhor Horta, distrito de Mariana.
A operação de ontem é resultado da investigação desses dois crimes, segundo a Polícia Federal.
Os ladrões costumavam visitar as igrejas durante o dia para escolher as peças mais valiosas. À noite, arrombavam portas e janelas e saqueavam os altares.
Parte do grupo, que seria formado por oito pessoas, foi presa em 98 após a invasão de uma igreja em Mariana -a mesma atacada neste ano. Um ainda está detido, cumprindo pena em São Paulo, e os demais estão foragidos.
Segundo a Polícia Federal, parte das peças saiu do país. Há informação sobre compradores na Alemanha e até no Uruguai.
Entre as obras apreendidas estão anjos tocheiros, oratórios e imagens de santos.
O restaurador detido seria o responsável por recuperar as peças roubadas pela quadrilha, que eram enviadas diretamente ao seu ateliê. Depois, uma outra pessoa providenciava a venda.
Rodrigues não tinha advogado constituído ontem para falar em seu nome. A Polícia Federal não o autorizou a dar entrevista.
O outro suspeito, que estava acompanhado de advogado, seria ouvido. Depois disso, a polícia decidiria pela sua prisão ou não.
Sobre as duas peças encontradas com ele, o advogado que o defende disse que ""foram compradas com documentos legais, sem saber que eram roubadas".


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