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JUSTIÇA
Acusação contra ministro do STJ gerou abertura de investigação, fato inédito envolvendo ministro de tribunal superior
Supremo vai investigar denúncia de assédio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal Federal) irá investigar o ministro do
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
Paulo Medina, 61, pela acusação
de crime de assédio sexual feita
por uma ex-assessora, filha de outro ministro do STJ, Antônio de
Pádua Ribeiro.
Na queixa-crime apresentada
ao STF, a servidora Glória Maria
Guimarães de Pádua Ribeiro Portella, 28, diz que trabalhou por
dois anos no gabinete de Medina
e que o assédio ocorreu a partir de
fevereiro deste ano.
Ela diz que se afastou da função
em 24 de junho, após apresentar
atestado médico alegando tensão
decorrente do assédio. Depois,
Portella foi exonerada do cargo de
confiança que ocupava. Hoje, ela
assessora outro ministro do próprio STJ, Francisco Falcão.
Até a conclusão desta edição,
Medina e Portella não comentaram o caso. No gabinete de Pádua
Ribeiro, informou-se que ele não
faria nenhum comentário.
Ontem, funcionários do tribunal diziam, reservadamente, que a
motivação da queixa-crime poderia ser outra. Portella teria problemas de relacionamento profissional com outro assessor de Medina, que teria recebido apoio dele.
A Folha apurou que outros ministros do STJ, quando souberam
da acusação de assédio, no final
de junho, chegaram a tentar intermediar um acordo entre Medina e
Pádua Ribeiro, pai da servidora.
A queixa-crime foi apresentada
anteontem ao Supremo. A abertura de investigação contra ministro de um tribunal superior por
esse crime é um fato inédito.
O ministro do STF Nelson Jobim foi designado relator. Ele deu
prazo de 15 dias para que Medina
apresente sua defesa. Depois, examinará as explicações e submeterá ao plenário a decisão de abrir
ou não um inquérito.
Na queixa-crime, preparada pelo advogado José Gerardo Grossi,
Portella relata situações, não presenciadas por terceiros, em que
teria sido assediada no gabinete.
Um dos trechos diz: "O querelado (Medina) fitou a querelante
com um olhar enlouquecido,
anômalo, totalmente diferente do
que ostentava normalmente e, de
forma ousada, pediu à querelante
que lhe desse um beijo". Segundo
Portella, ela teria negado e respondido: ""O senhor por acaso está me confundindo com as vagabundas das Minas Gerais?".
Uma vez, segundo Portella, ele
teria tentado segurar as mãos dela
e lhe pedido que o abraçasse. Em
outra, teria dito que ficara excitado com "tapinhas" que ela lhe dera nos ombros para consolá-lo
após a separação da filha.
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