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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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JUSTIÇA

Acusação contra ministro do STJ gerou abertura de investigação, fato inédito envolvendo ministro de tribunal superior

Supremo vai investigar denúncia de assédio

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O STF (Supremo Tribunal Federal) irá investigar o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Paulo Medina, 61, pela acusação de crime de assédio sexual feita por uma ex-assessora, filha de outro ministro do STJ, Antônio de Pádua Ribeiro.
Na queixa-crime apresentada ao STF, a servidora Glória Maria Guimarães de Pádua Ribeiro Portella, 28, diz que trabalhou por dois anos no gabinete de Medina e que o assédio ocorreu a partir de fevereiro deste ano.
Ela diz que se afastou da função em 24 de junho, após apresentar atestado médico alegando tensão decorrente do assédio. Depois, Portella foi exonerada do cargo de confiança que ocupava. Hoje, ela assessora outro ministro do próprio STJ, Francisco Falcão.
Até a conclusão desta edição, Medina e Portella não comentaram o caso. No gabinete de Pádua Ribeiro, informou-se que ele não faria nenhum comentário.
Ontem, funcionários do tribunal diziam, reservadamente, que a motivação da queixa-crime poderia ser outra. Portella teria problemas de relacionamento profissional com outro assessor de Medina, que teria recebido apoio dele.
A Folha apurou que outros ministros do STJ, quando souberam da acusação de assédio, no final de junho, chegaram a tentar intermediar um acordo entre Medina e Pádua Ribeiro, pai da servidora.
A queixa-crime foi apresentada anteontem ao Supremo. A abertura de investigação contra ministro de um tribunal superior por esse crime é um fato inédito.
O ministro do STF Nelson Jobim foi designado relator. Ele deu prazo de 15 dias para que Medina apresente sua defesa. Depois, examinará as explicações e submeterá ao plenário a decisão de abrir ou não um inquérito.
Na queixa-crime, preparada pelo advogado José Gerardo Grossi, Portella relata situações, não presenciadas por terceiros, em que teria sido assediada no gabinete.
Um dos trechos diz: "O querelado (Medina) fitou a querelante com um olhar enlouquecido, anômalo, totalmente diferente do que ostentava normalmente e, de forma ousada, pediu à querelante que lhe desse um beijo". Segundo Portella, ela teria negado e respondido: ""O senhor por acaso está me confundindo com as vagabundas das Minas Gerais?".
Uma vez, segundo Portella, ele teria tentado segurar as mãos dela e lhe pedido que o abraçasse. Em outra, teria dito que ficara excitado com "tapinhas" que ela lhe dera nos ombros para consolá-lo após a separação da filha.


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