São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2006

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Guerra urbana

Para entidades, crime ameaça democracia

Associações que representam principais meios de comunicação no Brasil divulgam manifesto em resposta à onda de violência

Texto também acusa as autoridades estaduais e federais de descoordenação nos esforços para o combate a ações criminosas


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um manifesto conjunto divulgado ontem, as entidades que representam os principais meios de comunicação do país, em resposta à onda de violência em São Paulo, afirmam que o crime organizado ameaça a democracia brasileira. Dizem também que a população está se tornando refém do crime.
Após a terceira onda de ataques em São Paulo, a facção criminosa PCC seqüestrou um repórter e um assistente técnico da Rede Globo para obrigar a emissora a divulgar um manifesto do grupo. Ambos foram libertados em São Paulo.
O documento é assinado pela ANJ (Associação Nacional dos Jornais), pela Aner (Associação Nacional dos Editores de Revistas) e pelas entidades de rádio e TV (Abert, Abra e Abratel). "O que está ameaçado neste momento, com a escalada da violência e da desordem, não é apenas o cotidiano civilizado a que todos os cidadãos têm direito. É a própria sobrevivência da sociedade democrática."
O texto das entidades também acusa as autoridades estaduais e federais de descoordenação nos esforços de combate à violência, assim como fizera a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) anteontem.
Nas últimas semanas, um bate-boca em torno da crise envolveu o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o secretário paulista da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, o governador Cláudio Lembo (PFL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os governos estadual e federal se acusavam mutuamente de falta de cooperação para debelar a crise, iniciada em maio.
"(...) o Brasil está pagando caro demais pela descoordenação das autoridades (...) na questão da segurança pública", diz o documento.
Procurado por meio de assessores, o secretário da Segurança não quis comentar o teor do documento. O ministro da Justiça, também via assessores, afirmou que não falaria até ter acesso oficial ao texto. Hoje, Bastos deve receber representantes das entidades para discutir a crise em São Paulo.


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