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Guerra urbana
Para entidades, crime ameaça democracia
Associações que representam principais meios de comunicação no Brasil divulgam manifesto em resposta à onda de violência
Texto também acusa as autoridades estaduais e federais de descoordenação nos esforços para o combate a ações criminosas
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um manifesto conjunto
divulgado ontem, as entidades
que representam os principais
meios de comunicação do país,
em resposta à onda de violência
em São Paulo, afirmam que o
crime organizado ameaça a democracia brasileira. Dizem
também que a população está
se tornando refém do crime.
Após a terceira onda de ataques em São Paulo, a facção criminosa PCC seqüestrou um repórter e um assistente técnico
da Rede Globo para obrigar a
emissora a divulgar um manifesto do grupo. Ambos foram libertados em São Paulo.
O documento é assinado pela
ANJ (Associação Nacional dos
Jornais), pela Aner (Associação
Nacional dos Editores de Revistas) e pelas entidades de rádio e TV (Abert, Abra e Abratel). "O que está ameaçado neste momento, com a escalada da
violência e da desordem, não é
apenas o cotidiano civilizado a
que todos os cidadãos têm direito. É a própria sobrevivência
da sociedade democrática."
O texto das entidades também acusa as autoridades estaduais e federais de descoordenação nos esforços de combate
à violência, assim como fizera a
ABI (Associação Brasileira de
Imprensa) anteontem.
Nas últimas semanas, um bate-boca em torno da crise envolveu o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, o secretário paulista da Segurança,
Saulo de Castro Abreu Filho, o
governador Cláudio Lembo
(PFL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os governos estadual e federal se acusavam mutuamente
de falta de cooperação para debelar a crise, iniciada em maio.
"(...) o Brasil está pagando caro demais pela descoordenação
das autoridades (...) na questão
da segurança pública", diz o documento.
Procurado por meio de assessores, o secretário da Segurança não quis comentar o teor do
documento. O ministro da Justiça, também via assessores,
afirmou que não falaria até ter
acesso oficial ao texto. Hoje,
Bastos deve receber representantes das entidades para discutir a crise em São Paulo.
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