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Arquiteta foi morta com pancada na cabeça
Segundo delegado, porteiro disse que chamou Jamile Nascimento para assinar livro e a dominou, batendo a cabeça dela contra o chão
Jadson trabalhava havia 40 dias no prédio onde ocorreu o crime e já respondia a três processos sob acusação de seqüestro relâmpago
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
JOHANNA NUBLAT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A arquiteta Jamile de Castro
Nascimento, 24, foi morta com
uma pancada na cabeça antes
de ser jogada na fossa de um
prédio na Vila Mariana (zona
sul de São Paulo), aponta perícia feita ontem no IML (Instituto Médico Legal). De acordo
com a polícia, o porteiro do edifício confessou o crime.
Jamile ficou desaparecida 28
dias. Foi encontrada anteontem no edifício, onde havia vistoriado um apartamento. O
corpo só foi localizado após o
porteiro Jadson José dos Santos, 32, sugerir que a polícia
voltasse a vasculhar o edifício.
Em um primeiro momento,
Santos negou a autoria do crime, mas já era o principal suspeito do caso, pois foi flagrado
por policiais com o cartão de
crédito e o carro da vítima.
Na madrugada de ontem, o
porteiro admitiu ter cometido
o crime, afirmou o delegado
Eduardo de Camargo Lima, da
DAS (Divisão Anti-Seqüestro).
A Folha foi à casa do acusado, mas ninguém atendeu aos
chamados. Também não foi localizado o advogado de Jadson.
Segundo Lima, o porteiro
chamou a vítima para dentro
da guarita para que ela assinasse um livro de presença após a
vistoria. Foi nesse momento
que Jamile foi dominada.
No relato à polícia, ele disse
que bateu a cabeça da arquiteta
contra o chão. O laudo do IML
indicou como causa da morte
um traumatismo no crânio.
Não há indícios de que chegou
a haver resistência.
Após o golpe, Santos colocou
o corpo de Jamile na fossa, que
integra o sistema de esgoto do
prédio e possui 2,5 m de profundidade. Para o delegado, o
acusado fez isso para "ganhar
tempo e gastar o dinheiro".
Acusações
O porteiro, que trabalhava
havia cerca de 40 dias no prédio, já respondia a três inquéritos, acusado de ser autor de seqüestros relâmpagos. Após a
divulgação da imagem dele, outras três pessoas ligaram para a
polícia dizendo que também
haviam sido vítimas de Santos.
"Ele disse que, às vezes, dá
uma coisa nele, e ele precisa
roubar", afirmou o delegado.
"Mas pode ser uma busca de
uma saída para atenuar o crime. Ele é muito frio, às vezes
faz que não é com ele. Já deu
várias versões para o crime."
As investigações da polícia
indicam que Santos atuou sozinho. Não foram encontrados sinais de violência sexual.
Além dos três inquéritos por
seqüestros relâmpagos, Santos
irá responder por latrocínio
(roubo seguido de morte) e
também ocultação de cadáver.
Até o momento, a polícia não
encontrou testemunhas que tenham visto o assassinato.
"Parece um filme, estamos
arrasados", disse Érica Gumiero, 28, amiga de Jamile.
"Os pais estão moídos", afirmou o advogado da família,
Sérgio Gegers. Ontem, um irmão de Jamile, que mora em
Londres, voltou ao Brasil para
acompanhar o enterro, que deve acontecer hoje.
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