São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arquiteta foi morta com pancada na cabeça

Segundo delegado, porteiro disse que chamou Jamile Nascimento para assinar livro e a dominou, batendo a cabeça dela contra o chão

Jadson trabalhava havia 40 dias no prédio onde ocorreu o crime e já respondia a três processos sob acusação de seqüestro relâmpago

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

JOHANNA NUBLAT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A arquiteta Jamile de Castro Nascimento, 24, foi morta com uma pancada na cabeça antes de ser jogada na fossa de um prédio na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), aponta perícia feita ontem no IML (Instituto Médico Legal). De acordo com a polícia, o porteiro do edifício confessou o crime.
Jamile ficou desaparecida 28 dias. Foi encontrada anteontem no edifício, onde havia vistoriado um apartamento. O corpo só foi localizado após o porteiro Jadson José dos Santos, 32, sugerir que a polícia voltasse a vasculhar o edifício.
Em um primeiro momento, Santos negou a autoria do crime, mas já era o principal suspeito do caso, pois foi flagrado por policiais com o cartão de crédito e o carro da vítima.
Na madrugada de ontem, o porteiro admitiu ter cometido o crime, afirmou o delegado Eduardo de Camargo Lima, da DAS (Divisão Anti-Seqüestro).
A Folha foi à casa do acusado, mas ninguém atendeu aos chamados. Também não foi localizado o advogado de Jadson.
Segundo Lima, o porteiro chamou a vítima para dentro da guarita para que ela assinasse um livro de presença após a vistoria. Foi nesse momento que Jamile foi dominada.
No relato à polícia, ele disse que bateu a cabeça da arquiteta contra o chão. O laudo do IML indicou como causa da morte um traumatismo no crânio. Não há indícios de que chegou a haver resistência.
Após o golpe, Santos colocou o corpo de Jamile na fossa, que integra o sistema de esgoto do prédio e possui 2,5 m de profundidade. Para o delegado, o acusado fez isso para "ganhar tempo e gastar o dinheiro".

Acusações
O porteiro, que trabalhava havia cerca de 40 dias no prédio, já respondia a três inquéritos, acusado de ser autor de seqüestros relâmpagos. Após a divulgação da imagem dele, outras três pessoas ligaram para a polícia dizendo que também haviam sido vítimas de Santos.
"Ele disse que, às vezes, dá uma coisa nele, e ele precisa roubar", afirmou o delegado. "Mas pode ser uma busca de uma saída para atenuar o crime. Ele é muito frio, às vezes faz que não é com ele. Já deu várias versões para o crime."
As investigações da polícia indicam que Santos atuou sozinho. Não foram encontrados sinais de violência sexual.
Além dos três inquéritos por seqüestros relâmpagos, Santos irá responder por latrocínio (roubo seguido de morte) e também ocultação de cadáver. Até o momento, a polícia não encontrou testemunhas que tenham visto o assassinato.
"Parece um filme, estamos arrasados", disse Érica Gumiero, 28, amiga de Jamile.
"Os pais estão moídos", afirmou o advogado da família, Sérgio Gegers. Ontem, um irmão de Jamile, que mora em Londres, voltou ao Brasil para acompanhar o enterro, que deve acontecer hoje.


Texto Anterior: Violência: Suspeito de matar Tamires é preso em SP
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.