|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prefeitura de Salvador é multada em R$ 2 mi
Segundo o Ibama, governo municipal e uma construtora são suspeitos de derrubar ilegalmente mata atlântica na cidade
Entre os estragos apontados,
há aterro irregular de lagoa
natural, falta de licenças
ambientais e destruição de
parte de área de preservação
MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O Ibama multou a Prefeitura
de Salvador, uma construtora e
um empreendimento imobiliário de luxo no valor equivalente
a R$ 2 milhões cada um. Eles
são suspeitos de derrubar irregularmente a mata atlântica na
capital baiana.
No final do ano passado, os
ministérios públicos Federal e
Estadual solicitaram ao Ibama
vistoria em 38 empreendimentos imobiliários da cidade. Desse total, 13 apresentaram ao
menos algum tipo de irregularidade.
Entre os estragos apontados
pelo Ibama na região da avenida Paralela, por exemplo, há
aterro irregular de lagoa natural, falta de licenças ambientais
e destruição de parte de área de
preservação permanente.
As autuações, realizadas nos
últimos meses e motivadas por
uma série de ações dos ministérios públicos, criaram polêmicas entre os órgãos ambientais
que atuam na Bahia. A Prefeitura de Salvador chegou a contestar no STF (Supremo Tribunal Federal) a competência de
fiscalização do Ibama.
Condomínios de Luxo
Uma das multas de R$ 2 milhões foi aplicada ao condomínio de luxo Jardim Mediterrâneo Townhouses, da construtora Arc Engenharia. A obra
ocupa área de mais de 21 mil
m2, com 75% do total coberto
por área verde plantada.
De acordo com a autuação do
Ibama, a obra causou intervenção numa área de preservação
permanente de mata atlântica
nativa, estabelecida pela legislação ambiental, e não tinha licenciamento do órgão.
Outros condomínios de luxo
também foram embargados na
região, mas receberam multas
menores em razão das vistorias
do Ibama terem sido feitas no
início das obras.
É o caso do empreendimento
Brisas Residencial Club, da
Cyrela Andrade Mendonça. A
empresa foi autuada em R$
5.000 quando havia construído
apenas o stand de vendas.
O capítulo mais recente da
queda de braço entre Ibama e
Prefeitura de Salvador ocorreu
no mês passado, quando o órgão multou a administração de
João Henrique Carneiro
(PMDB) e a Realeza Construções e Empreendimentos em
R$ 2 milhões cada um.
Segundo vistoria do Ibama, a
construção de uma avenida,
que vai beneficiar principalmente condomínios de alto padrão, aterrou irregularmente
uma área com lagoa natural,
mata ciliar e áreas úmidas.
Doença de Chagas
Além da redução da área verde, a expansão imobiliária causou também um desequilíbrio
ecológico devido ao resgate de
animais nativos.
De acordo com dados da Fiocruz obtidos pela Folha, metade dos barbeiros coletados na
região no ano passado estavam
infectados com o Tripanossoma cruzi, protozoário que ao
alojar-se no coração humano
deflagra a doença de Chagas.
"A preocupação deve ser voltada para comunidades carentes do entorno desses condomínios, que enfrentam graves
problemas sanitários", disse
Mitermayer Galvão, diretor da
Fiocruz no Estado.
O número elevado de insetos
infectados na região será objeto de um estudo científico nos
próximos meses.
Texto Anterior: Escolas recomeçam as aulas amanhã Próximo Texto: Ambiente Índice
|