São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Shoppings adotam segurança armada

Em meio à série de roubos a joalherias, mesmo centros comerciais que não foram roubados reforçam proteção

Para especialista, medida só aumenta risco para o público; de janeiro até agora, foram 12 roubos a shoppings


VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO

Em meio à série de roubos registrada desde o início do ano, parte dos shopping centers de São Paulo está aderindo à segurança armada de forma ostensiva. De oito shoppings visitados pela reportagem, em cinco deles havia um esquema especial de vigilância: seguranças armados e com coletes à prova de balas distribuídos em todas as entradas e também na garagem.
Todos eles estão entre os principais shoppings da capital: Pátio Higienópolis, Cidade Jardim, Eldorado, Iguatemi e Market Place. Dessa lista, os dois primeiros foram roubados neste ano. De janeiro até agora houve 12 assaltos a shoppings. O Cidade Jardim, que teve a joalheria Tiffany e a loja de relógios Rolex roubadas, implantou ainda "olheiros" e guaritas blindadas.
A arquiteta Daniela Azevedo, que passeava ontem com as duas filhas no Eldorado, disse não ter gostado dos vigias armados. "Não tinha percebido, é um absurdo. Não vai demorar para ter um tiroteio, para eles reagirem e uma bala perdida pegar alguém", afirma.
Na única troca de tiros até agora, no roubo ao Santana Parque Shopping, um segurança morreu depois de ter sido baleado na cabeça.
"Não creio que vão atirar a esmo ou por as pessoas em risco. Acho que passaram por treinamentos e avaliações", afirma o professor Fernando Matos, que fazia compras no shopping Iguatemi. Segundo funcionários do Eldorado, do Iguatemi, do Cidade Jardim e do Market Place, que ficam na marginal Pinheiros ou em ruas próximas a ela, após assaltos é comum ver carros da Polícia Militar fazer ronda nas redondezas.
O Iguatemi não fala sobre seu esquema de segurança. Com isso, não é possível saber quando os guardas passaram a andar armados. Procurados desde sábado, representantes dos demais shoppings não foram localizados.

EFEITO POLÊMICO
Para o consultor em segurança pública José Vicente da Silva, coronel da reserva da PM paulista, esse tipo de medida só aumenta o risco aos usuários dos lugares. "Os shoppings estão optando para aumentar os riscos aos seus frequentadores", disse.
Isso porque, para ele, os bandidos não vão deixar de roubar os shoppings porque há homens armados e os vigilantes não têm treinamento suficiente para isso.
Procurada, a Polícia Militar não indicou ninguém para falar sobre o assunto. Em nota, informou não ver necessidade de esquema especial após os assaltos. "O sistema adotado tem se mostrado adequado à missão legal da Polícia Militar, pois os resultados estão dentro dos parâmetros esperados, lembrando que o foco da instituição é a segurança pública e não a privada."

Colaboraram ROGÉRIO PAGNAN e FELIPE CARUSO, de São Paulo


Texto Anterior: Foco: Policiais dançam como par de debutantes em morro do Rio
Próximo Texto: Violência: Jovem morre em briga de grupos rivais perto da parada gay em MG
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.