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Shoppings adotam segurança armada
Em meio à série de roubos a joalherias, mesmo centros comerciais que não foram roubados reforçam proteção
Para especialista, medida só aumenta risco para o público; de janeiro até agora, foram 12 roubos a shoppings
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO
Em meio à série de roubos
registrada desde o início do
ano, parte dos shopping centers de São Paulo está aderindo à segurança armada de
forma ostensiva.
De oito shoppings visitados pela reportagem, em cinco deles havia um esquema
especial de vigilância: seguranças armados e com coletes à prova de balas distribuídos em todas as entradas e
também na garagem. Todos eles estão entre os
principais shoppings da capital: Pátio Higienópolis, Cidade Jardim, Eldorado, Iguatemi e Market Place. Dessa
lista, os dois primeiros foram
roubados neste ano. De janeiro até agora houve 12 assaltos a shoppings.
O Cidade Jardim, que teve
a joalheria Tiffany e a loja de
relógios Rolex roubadas, implantou ainda "olheiros" e
guaritas blindadas. A arquiteta Daniela Azevedo, que passeava ontem com
as duas filhas no Eldorado,
disse não ter gostado dos vigias armados. "Não tinha
percebido, é um absurdo.
Não vai demorar para ter um
tiroteio, para eles reagirem e
uma bala perdida pegar alguém", afirma. Na única troca de tiros até
agora, no roubo ao Santana
Parque Shopping, um segurança morreu depois de ter
sido baleado na cabeça. "Não creio que vão atirar a
esmo ou por as pessoas em
risco. Acho que passaram
por treinamentos e avaliações", afirma o professor Fernando Matos, que fazia compras no shopping Iguatemi.
Segundo funcionários do
Eldorado, do Iguatemi, do Cidade Jardim e do Market Place, que ficam na marginal Pinheiros ou em ruas próximas
a ela, após assaltos é comum
ver carros da Polícia Militar
fazer ronda nas redondezas. O Iguatemi não fala sobre
seu esquema de segurança.
Com isso, não é possível saber quando os guardas passaram a andar armados. Procurados desde sábado, representantes dos demais shoppings não foram localizados.
EFEITO POLÊMICO
Para o consultor em segurança pública José Vicente da
Silva, coronel da reserva da
PM paulista, esse tipo de medida só aumenta o risco aos
usuários dos lugares. "Os
shoppings estão optando para aumentar os riscos aos
seus frequentadores", disse. Isso porque, para ele, os
bandidos não vão deixar de
roubar os shoppings porque
há homens armados e os vigilantes não têm treinamento
suficiente para isso. Procurada, a Polícia Militar não indicou ninguém para falar sobre o assunto. Em
nota, informou não ver necessidade de esquema especial após os assaltos.
"O sistema adotado tem se
mostrado adequado à missão
legal da Polícia Militar, pois
os resultados estão dentro
dos parâmetros esperados,
lembrando que o foco da instituição é a segurança pública e não a privada."
Colaboraram ROGÉRIO PAGNAN e FELIPE
CARUSO, de São Paulo
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