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EDUCAÇÃO
Capes considera 412 cursos -34% dos 1.290- muito bom ou excelente; área biológica tem mais programas
País tem só 23 pós de nível internacional
GILBERTO DIMENSTEIN
do Conselho Editorial
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local
Apesar de ser a oitava economia
do mundo, o Brasil tem apenas 23
cursos de pós-graduação com padrão de excelência internacional
-a maioria deles no Estado de São
Paulo, onde está concentrada a
produção científica brasileira.
Pela qualidade da pós-graduação
se mede a capacidade de um país
de gerar inovação científica e tecnológica. Também é um indicador
do sistema de formação de
mão-de-obra qualificada para o
mercado de trabalho -o que inclui desde administradores de empresas até engenheiros.
Esse nível de ensino tem adquirido um papel cada vez mais importante no mundo, devido à competição provocada pela globalização
das economias e às mudanças tecnológicas aceleradas (leia nas duas
próximas páginas).
Avaliação
O número de pós-graduações
com padrão de excelência internacional foi levantado pela nova avaliação da Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior), um órgão do
MEC (Ministério da Educação).
Ele explica por que o Brasil produz apenas 0,8% da ciência do planeta, contra 40% nos EUA -segundo dados que apuram o impacto de uma pesquisa pelo número de citações que recebe em
trabalhos de outros cientistas.
Mas a avaliação da Capes também revela por que a pós-graduação brasileira é considerada a melhor da América Latina. Dos 1.290
programas avaliados, 412 (34%)
receberam notas correspondentes
aos conceitos muito bom ou excelente (notas 5, 6 e 7).
Biológicas
A área tradicionalmente conhecida como biológicas -que na
avaliação recebe a denominação
"ciências da vida"- é a que tem
mais programas de pós no país,
inclusive de padrão internacional.
No extremo oposto, as ciências
tecnológicas têm menos cursos e
nenhum com a nota máxima da
avaliação (a escala vai de 1 a 7).
Do conjunto, 16 cursos são considerados deficientes (e não teriam, em tese, condição de funcionar), 79, fracos e 350, regulares -
o que significa 34% dos programas oferecidos.
"Tivemos a preocupação de refinar e endurecer nossa avaliação", afirma Abilio Baeta Neves,
secretário de Ensino Superior do
MEC e presidente da Capes.
Segundo ele, o governo está requisitando que comissões internacionais venham ao país para analisar os cursos que, em sua avaliação, tiveram a nota máxima.
"As nossas pós-graduações que
receberam nota máxima não podem agora se acomodar. O novo
padrão de comparação é internacional", afirma Jacques Marcovitch, reitor da USP (Universidade
de São Paulo) -que tem 10 (43%)
das pós-graduações nota 7.
Reformulação
Foi a partir de uma avaliação internacional, realizada dois anos
atrás, que a Capes reformulou o
seu sistema de apuração da qualidade da pós-graduação brasileira.
Na avaliação divulgada em 1996,
79% dos mestrados e 90% dos
doutorados receberam notas A ou
B em uma escala que ia até E. A
explicação para essas notas altas
está relacionada à boa qualidade
da pós brasileira em relação a outros países em desenvolvimento.
A Capes começou a avaliar a
pós-graduação brasileira no final
da década de 70. Na época, a avaliação estabeleceu critérios que
apontavam o perfil que os cursos
deveriam adquirir. Vinte anos depois, quase toda a pós já havia chegado a isso.
É como se o provão (que avalia
os cursos de graduação) já estivesse em vigor há 20 anos: sabendo as
regras da avaliação, as instituições
tendem a adequar o seu trabalho
aos critérios de qualidade.
A avaliação reformulada da Capes coloca um novo desafio à
pós-graduação brasileira: se equiparar às melhores do mundo.
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