São Paulo, domingo, 16 de agosto de 1998

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SAÚDE
Hospital do Câncer vai vacinar 60 pacientes que tenham melanoma nos gânglios; tratamento deve durar cinco anos
SP testa vacina para vencer câncer de pele

CARLA CONTE
da Reportagem Local

O Centro de Tratamento e Pesquisa Hospital do Câncer de São Paulo está testando uma vacina contra câncer de pele em pacientes vítimas do melanoma. Apesar de ser chamada de vacina, ela não previne a doença -tenta controlar ou reduzir o tumor.
Segundo Débora Castanheira Pereira da Silva, cirurgiã oncológica do departamento de tumores de pele do hospital e coordenadora da pesquisa, a vacina só pode ser usada por pacientes que têm o melanoma nos gânglios (região pélvica, das axilas e pescoço).
O melanoma pode se apresentar em forma de pinta. Dependendo do tumor, ele pode se multiplicar e atingir outras regiões do corpo, como os gânglios, cérebro, pulmões e fígado -processo chamado de metástase.
Também há os casos em que o tumor nem chega a se manifestar em forma de pinta -já aparece, por exemplo, nos gânglios.
Dos seis pacientes que já começaram a tomar a vacina, um teve sua doença controlada. Em outro caso, houve progressão do câncer -a vacina ainda não fez efeito. No total, 60 pacientes tomarão seis doses, em quatro meses, e serão acompanhados por cinco anos.
O medicamento é feito a partir das células do tumor do paciente. Por meio de uma cirurgia, é retirado o gânglio tumoral e as células são dissociadas. Segundo o médico Rogério Izar Neves, que também participa da pesquisa, elas voltam ao organismo com a capacidade de "chamar mais atenção" do sistema imunológico para que o corpo se defenda melhor.
A vacina não desencadeou até o momento nenhum efeito colateral significativo. Após tomar a vacina, o paciente pode ter vermelhidão no local da aplicação e febre baixa, que não passa 37,5C.

Megavax
Há outra vacina contra o melanoma -Megavax- , que aguarda liberação do Ministério da Saúde.
Ao contrário da vacina feita pelo Hospital do Câncer, o medicamento -industrializado (ou seja, não será "personalizado")- só poderá ser aplicado nos pacientes que já tiveram câncer para evitar que o tumor reapareça.
O remédio deverá ser usado em 70 países das Américas do Norte e Sul, Europa e Oceania, que participaram da elaboração do protocolo internacional da vacina.
No Brasil, três centros médicos -entre eles o Hospital do Câncer- deverão aplicar a Megavax.



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