São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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O FIM DO CARANDIRU

Manifestantes cercaram o governador

Últimos presos deixam unidade, que será aberta dia 20 ao público

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob palmas, balões brancos e um minuto de silêncio cronometrado no relógio do orador, partiu às 11h de ontem o último "bonde" de presos do complexo penitenciário do Carandiru, a maior prisão da América Latina.
Os últimos 74 detentos foram levados em quatro carros a cadeias de Casa Branca, Campinas e Hortolândia, no interior do Estado de São Paulo. A partir do próximo dia 20, o complexo será aberto à visitação pública.
Até o final do ano, três dos sete pavilhões serão demolidos. No lugar, vai ser construído um parque público, com centros de cultura, lazer e de formação profissional.
Ontem, do lado de fora da penitenciária, centenas de pessoas, aproveitando a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) no evento, protestavam por motivos diversos.
O maior grupo, formado por moradores de São Bernardo do Campo, no ABC, queixava-se da construção de uma cadeia no centro da cidade. Jovens do MSU (Movimento dos Sem Universidade) pediam a criação de uma universidade pública no local.
O terceiro grupo, de agentes penitenciários, reivindicava a implantação de um plano de carreira e a contratação de mais 10 mil agentes para as novas cadeias.
Ao sair do complexo, os manifestantes cercaram o carro do governador, obrigando a PM a formar um cordão de isolamento.
Segundo Alckmin, a construção da nova cadeia em São Bernardo é destinada a presos da própria cidade e irá substituir a atual, que está em péssimas condições. "Tivemos dificuldades de conseguir outras áreas na cidade porque lá é região de manancial".
Sobre a desativação do complexo do Carandiru, Alckmin afirma que não havia outra alternativa. "Em nenhum lugar do mundo existe um sistema prisional com 7.000 detentos", diz. No lugar, afirma ele, foram construídas 11 penitenciárias, com 8.200 vagas.
Para o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, é evidente que, com o fechamento do Carandiru, haverá uma redução no número de vagas no sistema prisional do Estado.
"Mas é muito mais importante construir algo que possa recuperar as pessoas do que mantê-las nesse lugar aberto, simplesmente em razão dos números", diz.


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