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O FIM DO CARANDIRU
Manifestantes cercaram o governador
Últimos presos deixam unidade, que será aberta dia 20 ao público
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob palmas, balões brancos e
um minuto de silêncio cronometrado no relógio do orador, partiu
às 11h de ontem o último "bonde"
de presos do complexo penitenciário do Carandiru, a maior prisão da América Latina.
Os últimos 74 detentos foram
levados em quatro carros a cadeias de Casa Branca, Campinas e
Hortolândia, no interior do Estado de São Paulo. A partir do próximo dia 20, o complexo será
aberto à visitação pública.
Até o final do ano, três dos sete
pavilhões serão demolidos. No lugar, vai ser construído um parque
público, com centros de cultura,
lazer e de formação profissional.
Ontem, do lado de fora da penitenciária, centenas de pessoas,
aproveitando a presença do governador Geraldo Alckmin
(PSDB) no evento, protestavam
por motivos diversos.
O maior grupo, formado por
moradores de São Bernardo do
Campo, no ABC, queixava-se da
construção de uma cadeia no centro da cidade. Jovens do MSU
(Movimento dos Sem Universidade) pediam a criação de uma
universidade pública no local.
O terceiro grupo, de agentes penitenciários, reivindicava a implantação de um plano de carreira
e a contratação de mais 10 mil
agentes para as novas cadeias.
Ao sair do complexo, os manifestantes cercaram o carro do governador, obrigando a PM a formar um cordão de isolamento.
Segundo Alckmin, a construção
da nova cadeia em São Bernardo é
destinada a presos da própria cidade e irá substituir a atual, que
está em péssimas condições. "Tivemos dificuldades de conseguir
outras áreas na cidade porque lá é
região de manancial".
Sobre a desativação do complexo do Carandiru, Alckmin afirma
que não havia outra alternativa.
"Em nenhum lugar do mundo
existe um sistema prisional com
7.000 detentos", diz. No lugar,
afirma ele, foram construídas 11
penitenciárias, com 8.200 vagas.
Para o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, é evidente que, com o fechamento do Carandiru, haverá
uma redução no número de vagas
no sistema prisional do Estado.
"Mas é muito mais importante
construir algo que possa recuperar as pessoas do que mantê-las
nesse lugar aberto, simplesmente
em razão dos números", diz.
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