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PISTA LIVRE
Veículo com até 57 toneladas poderá rodar sem autorização especial a partir de dezembro; limite atual é de 45 toneladas
Caminhão ultrapesado é liberado em estrada
Rogério Cassimiro/Folha Imagem
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Caminhão na marginal Tietê, em São Paulo; novas regras entram em vigor em 15 de dezembro |
VICTOR RAMOS
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo federal decidiu liberar a circulação de caminhões
mais pesados nas estradas e municípios brasileiros, depois da
pressão das empresas transportadoras de carga. Uma frota superior a 40 mil veículos será dispensada, a partir de 15 de dezembro,
da atual exigência de obter uma
autorização especial para circular.
Para especialistas ouvidos pela
Folha, a medida poderá acarretar
em uma piora no estado do asfalto nas rodovias. Além disso, há
um risco maior de que pontes e
viadutos sejam danificados por
conta do peso desses caminhões,
que são conhecidos como bitrens.
Estão na faixa dos veículos liberados caminhões que têm de 17,50
metros a 19,80 metros e peso total
superior a 45 toneladas e inferior
a 57 toneladas -aproximadamente 63 veículos Palio. Antes
dessa determinação, somente os
de até 45 toneladas não precisavam da autorização especial.
O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) afirma que os
mais de 40 mil caminhões que circulam hoje com essas características (abrangendo ainda outras especificações técnicas) são utilizados principalmente para transportar grãos, como a soja.
"Era uma reivindicação dos
transportadores de carga. Havia
um impacto no custo Brasil", diz
Carlos Eduardo Pini Leitão, coordenador de infra-estrutura de
trânsito do Denatran, em referência às dificuldades burocráticas.
A resolução que trata da alteração foi publicada ontem no "Diário Oficial" da União. Ela estabelece 15 de dezembro como limite
para que a malha viária do país tenha sinalização específica para esses veículos nos pontos em que
eles não puderem trafegar, em razão do peso ou do tamanho.
Atualmente, os veículos nessa
faixa de peso são obrigados a conseguir uma AET (Autorização Especial de Trânsito), emitida pelos
DERs (Departamentos de Estradas de Rodagem) e pelo Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), onde se
determina os locais em que os veículos poderão circular.
Para tanto, devem ser avaliadas
questões como peso da carga, a
distribuição dela sobre os eixos e
as condições das rodovias nos Estados. Na própria autorização já
acabam listados lugares por onde
os caminhões não podem passar.
Técnicos do governo federal
consideravam que muitas dessas
"exigências teóricas" não vinham
sendo praticadas e que a AET não
estava cumprindo seu papel.
O engenheiro Francisco Carlos
Barreto, do Instituto de Engenharia de São Paulo, diz que não haverá tempo hábil para que se possa fazer essa sinalização antes do
prazo. Ele também afirma que alguns DERs terão problemas com
a falta de verba para implantá-la.
Para Barreto, a medida é "temerária, irresponsável". Pela dificuldade de fazer a sinalização, ele
considera que a resolução representa praticamente "uma liberação total" a esses caminhões.
O engenheiro Luís Célio Bottura, ex-presidente da Dersa, tem
opinião semelhante. Ele afirma,
também, que a circulação facilitada dos bitrens pode dificultar a
circulação dos carros, em razão
do tamanho dos caminhões.
Neuto Gonçalves dos Reis, assessor técnico da NTC (Associação Nacional do Transporte de
Cargas), diz que a decisão do governo "foi uma vitória". Segundo
ele, a passagem dos caminhões bitrens não é crítica para a malha
viária, já que eles têm uma boa
distribuição do peso pelos eixos.
O coordenador do Denatran
também usa esse argumento para
negar os impactos negativos no
sistema viário. Diz que a mudança
foi resultado de análise de um
grupo técnico, que avaliou não
haver prejuízo à segurança.
"O pavimento é danificado pelo
excesso em um único eixo. A nova
configuração é amigável, distribui
em até sete eixos. Os bitrens também têm mais estabilidade. Não
temos notícia de acidentes com
esses veículos", afirma Leitão.
Sobre a sinalização, ele considera haver tempo hábil para os órgãos de trânsito. Leitão diz ainda
que a maioria das pontes estaduais e federais tem capacidade
para suportar esse peso -ou seja,
só uma minoria precisaria implantar novas restrições.
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