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Mulheres quebram tabu histórico e entram na bateria da Mangueira
DA SUCURSAL DO RIO
O último bastião do machismo nas baterias de escolas de samba está caindo. A
Mangueira, que nunca aceitou mulheres como ritmistas
em seus quase 80 anos de história, tem feito eliminatórias
para selecionar aquelas que,
no Carnaval de 2007, quebrarão o longo tabu.
"Chamavam de tradição,
mas era preconceito enrustido. E onde puder provocar
[fustigar] o preconceito, eu
provoco", diz o compositor
Ivo Meirelles, que assumiu
neste ano a presidência da bateria. Para ele, o veto era uma
"seqüela" dos tempos em que
"mulher não podia botar calça comprida". Na Mangueira,
até visitar a área da quadra
onde ficam os ritmistas era
proibido. Mas Meirelles não
os culpa. "Eles apenas seguiam uma regra, mas aceitaram bem a mudança", diz o líder do Funk'n Lata.
Na eliminatória de anteontem, numa casa de shows da
Lapa (centro do Rio), ritmistas experientes pareciam
querer ajudar as nove candidatas, que tocaram ao lado
deles por mais de uma hora.
Ao final, venceram as que já
eram do ramo. "Toco há 14
anos com Jorge Aragão, mas
nunca saí em nenhuma escola
porque queria a Mangueira",
comemorou Márcia Viegas,
35, sobrinha do compositor
Nei Lopes. Ela tocará repique. Daniele de Souza, no
tamborim, foi outra vitoriosa.
Na próxima quinta, mais duas
serão escolhidas para formar
o time de 11 novidades.
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