|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lucro com a venda de armas só perde para entorpecentes
DA SUCURSAL DO RIO
DE BUENOS AIRES
A Polícia Federal estima que,
para cada arma apreendida,
mais 30 entram ilegalmente
pelo país. O tráfico de armas, de
acordo com o delegado da PF
Vantuil Cordeiro, é o segundo
em lucro no ranking do crime
organizado. "Só perde para o
comércio de drogas."
A investigação desse mercado ilegal, no entanto, se desenvolve a passos lentos.
Em abril de 2003, o então deputado Carlos Iparraguirre, da
UCR (União Cívica Radical),
membro da Comissão de Defesa e Segurança Interna do Congresso Argentino, entregou a
um pesquisador da organização
não-governamental Viva Rio
cópia do processo de investigação realizada por diversas
agências do governo argentino
sobre o pedido de rastreamento de armas e granadas argentinas efetuado em abril de 2001.
O processo demonstra que
submetralhadoras, fuzis e granadas produzidos na Argentina
foram desviados por forças policiais e militares, tendo como
destino final o narcotráfico no
Rio de Janeiro.
Em abril de 2003, em uma
operação conjunta da Superintendência da Polícia Federal do
Rio e da Secretaria de Segurança Pública, foram apreendidas
50 granadas FMK2 de origem
argentina que se destinavam a
traficantes da Vila do João, no
Complexo de favelas da Maré,
em Bonsucesso, subúrbio do
Rio de Janeiro.
A PF identificou dois oficiais
militares argentinos envolvidos no tráfico das granadas.
Suas identidades não foram reveladas.
A informação da CPI do Tráfico de Armas no Congresso
brasileiro, de que haveria militares de alta patente do Exército argentino envolvidos no
contrabando de armas para o
Brasil, gerou um ímpeto de investigação inicial na Argentina,
que, no entanto, parece não ter
tido maiores conseqüências.
Investigação
Em fevereiro de 2006, a própria ministra da Defesa argentina, Nilda Garré, telefonou para o vice-presidente brasileiro
José Alencar para assegurar
que investigariam a questão.
A ministra também pediu ao
Registro Nacional de Armas
que determinasse se armas encontradas com o narcotráfico
brasileiro tinham passado pelo
governo argentino.
A Folha tentou saber o resultado, um ano e meio depois,
dessas investigações, mas o Ministério da Defesa não respondeu aos questionamentos da
reportagem.
Texto Anterior: Tráfico usa arma desviada de Exércitos estrangeiros Próximo Texto: Antiaérea é mais visada por facções Índice
|