São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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Lucro com a venda de armas só perde para entorpecentes

DA SUCURSAL DO RIO
DE BUENOS AIRES

A Polícia Federal estima que, para cada arma apreendida, mais 30 entram ilegalmente pelo país. O tráfico de armas, de acordo com o delegado da PF Vantuil Cordeiro, é o segundo em lucro no ranking do crime organizado. "Só perde para o comércio de drogas."
A investigação desse mercado ilegal, no entanto, se desenvolve a passos lentos.
Em abril de 2003, o então deputado Carlos Iparraguirre, da UCR (União Cívica Radical), membro da Comissão de Defesa e Segurança Interna do Congresso Argentino, entregou a um pesquisador da organização não-governamental Viva Rio cópia do processo de investigação realizada por diversas agências do governo argentino sobre o pedido de rastreamento de armas e granadas argentinas efetuado em abril de 2001.
O processo demonstra que submetralhadoras, fuzis e granadas produzidos na Argentina foram desviados por forças policiais e militares, tendo como destino final o narcotráfico no Rio de Janeiro.
Em abril de 2003, em uma operação conjunta da Superintendência da Polícia Federal do Rio e da Secretaria de Segurança Pública, foram apreendidas 50 granadas FMK2 de origem argentina que se destinavam a traficantes da Vila do João, no Complexo de favelas da Maré, em Bonsucesso, subúrbio do Rio de Janeiro.
A PF identificou dois oficiais militares argentinos envolvidos no tráfico das granadas. Suas identidades não foram reveladas.
A informação da CPI do Tráfico de Armas no Congresso brasileiro, de que haveria militares de alta patente do Exército argentino envolvidos no contrabando de armas para o Brasil, gerou um ímpeto de investigação inicial na Argentina, que, no entanto, parece não ter tido maiores conseqüências.

Investigação
Em fevereiro de 2006, a própria ministra da Defesa argentina, Nilda Garré, telefonou para o vice-presidente brasileiro José Alencar para assegurar que investigariam a questão.
A ministra também pediu ao Registro Nacional de Armas que determinasse se armas encontradas com o narcotráfico brasileiro tinham passado pelo governo argentino.
A Folha tentou saber o resultado, um ano e meio depois, dessas investigações, mas o Ministério da Defesa não respondeu aos questionamentos da reportagem.


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