São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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"Vivemos um velório que não acaba nunca"

DA REPORTAGEM LOCAL

"A gente segue esperando, vendo o dia começar e acabar. Há dois meses é assim: só tristeza, angústia e vontade de poder nos despedirmos do nosso pai". Para Vinicius, 20, filho de Ivalino Bonato, 54, nem a volta ao trabalho faz o tempo passar. "Estamos vivendo um velório que não acaba nunca."
Ele diz que o funeral possibilitaria pelo menos o fechamento de um ciclo e que vive ao lado do telefone, esperando alguma notícia.
Vinicius mora em Porto Alegre, mas acompanha o trabalho do IML e ontem ele estaria em São Paulo. "Não é porque reconheceram 195 corpos que podemos deixar o assunto morrer. Ainda faltam quatro, os legistas precisam continuar trabalhando."
Sua mãe, conta, também o preocupa. "Eles foram casados 30 anos e ela não deixa ninguém mexer nas coisas dele", diz. Quando a saudade aperta, conta o jovem, que tem uma irmã, ele pensa nos ensinamentos do pai. "Ele sempre nos deu um exemplo de força. Não ia gostar de ver a gente se entregando." (DT)


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