São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para mãe, o tempo passa, mas a dor só aumenta

DA REPORTAGEM LOCAL

O crachá de comissária, uma pasta com documentos, a agenda, uma meia-calça e uma sapatilha. Foi tudo o que Márcia Aparecida Soares, 44, recebeu de pertences da filha, Michelle Leite, 26, única integrante da tripulação do Airbus da TAM que não foi reconhecida pelo IML. Sem nenhuma esperança de ter o corpo de volta, Márcia resolveu fazer o enterro simbólico da filha.
No domingo passado, no Cemitério do Carmo, em São Paulo, foram esses pertences que preencheram o caixão. Cerca de 300 pessoas, segundo a família, se despediram da jovem com orações e pétalas de rosas brancas. Márcia afirma que os legistas disseram ser quase impossível identificar alguma parte da filha, que estava na cabine do piloto, sem o cinto.
A mãe já perdeu cinco quilos e teve de ser internada duas vezes. Ela ainda não teve coragem de desmanchar o quarto da filha. "Éramos muito unidas, e a dor só está aumentando," diz.


Texto Anterior: No lugar de corpo, pai enterra mamadeira e mochila do bebê
Próximo Texto: Mulher escreve cartas e não quer corpo do marido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.