São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011

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Delegado que abriu apuração paralela de assalto é afastado

Governo toma medida após saber que Ruy Ferraz Fontes cuidou de ao menos outros oito casos de interesse do Itaú

Banco diz que registra diversas ocorrências em várias delegacias da cidade; policial não foi localizado ontem

ANDRÉ CARAMANTE

DE SÃO PAULO

O delegado Ruy Ferraz Fontes foi afastado ontem da chefia do 69° Distrito Policial, na zona leste de São Paulo.
A delegacia é responsável pela abertura de uma apuração paralela do roubo aos cofres particulares do Itaú ocorrido em 27 e 28 de agosto.
O caso estava nas mãos do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), que tem precedência na investigação de roubo a bancos na capital paulista.
A decisão de afastar Fontes foi tomada após a Secretaria da Segurança Pública descobrir, por meio da imprensa, que o delegado fez ao menos outras oito investigações de possíveis crimes cometidos contra o banco, todos em áreas distantes daquela atendida pelo 69º DP.
Policiais da equipe de Fontes também serão sacados da delegacia. Um deles é o investigador Carlos Alberto Martins, dono da empresa Partner Gerenciamento de Risco S/C Ltda, investigada por suspeita de ser usada nas investigações dos casos do Itaú.
O delegado Fontes e o investigador Martins não foram encontrados ontem na delegacia para se manifestar.
Fontes será alvo de investigação da Corregedoria Geral da Polícia Civil, que quer saber por quais motivos ele e sua equipe abriram tantas investigações sobre crimes cometidos contra o banco.
Uma outra investigação da Corregedoria irá apurar, segundo a Secretaria da Segurança, "os desencontros" entre o 78º DP [Jardins], onde a ocorrência do assalto aos cofres particulares foi registrada inicialmente, e o Deic.
Segundo o governo, tais desencontros "retardaram o início das investigações".
O Deic só entrou no caso uma semana depois de ele ter sido registrado no 78º DP.
Fontes já foi chefe da delegacia de roubo a bancos do Deic. Era considerado o "xerife" no combate à facção criminosa PCC. Foi sacado da posição em 2009 pelo secretário Antonio Ferreira Pinto.
Em nota, o Itaú negou irregularidades na relação com a delegacia comandada por Fontes. "Trata-se de casos que a polícia estava investigando e em que realizou uma prisão em flagrante."
O banco diz registrar centenas de boletins de ocorrências em várias delegacias da cidade todos os anos.

Colaborou ROGÉRIO PAGNAN


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