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GUERRA DOS ÔNIBUS
Juiz tira da prisão Edivaldo Santiago, que chefiou recentes greves de motoristas do transporte coletivo
Acusado de morte, sindicalista fica livre
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente afastado do sindicato dos motoristas de ônibus de
São Paulo, Edivaldo Santiago, foi
colocado em liberdade ontem
graças a um alvará de soltura concedido pelo juiz Leandro Jorge
Bittencourt, da Vara de Execuções Penais de Guarulhos. Ao sair
da sede da Polícia Federal na Lapa
(zona oeste), Santiago foi ovacionado por cerca de 50 motoristas.
O dirigente sindical e outros dez
sindicalistas foram detidos em 19
de maio (dias depois, mais oito
seriam presos). Na ocasião, o grupo era acusado, entre outras coisas, de formação de quadrilha, desobediência a ordem judicial (por
não terem mantido parte da frota
nas ruas nas greves de 7 e 8 de
abril) e paralisação de trabalho seguida de violência.
No dia 24 de maio, Santiago teve
outra prisão temporária decretada, acusado de ter tramado a
morte do ex-presidente do sindicato dos motoristas de Guarulhos
Maurício Alves Cordeiro, assassinado em novembro de 2001.
Além de Santiago, também tiveram prisão temporária decretada
pelo mesmo motivo José Carlos
de Sena, presidente do Sindicargas, e Antonildo Gonçalves da Silva, conhecido como Índio, presidente do sindicato de Guarulhos.
A soltura de Edivaldo e de outros acusados aconteceu graças a
uma pequena maratona judicial.
Em junho, os advogados de José
Carlos de Sena haviam entrado no
Tribunal de Justiça (TJ) com pedido de habeas corpus. A 1ª Câmara
Criminal de Férias do TJ concedeu a revogação da prisão preventiva em 22 de setembro.
O desembargador-relator, Geraldo Xavier, justificou sua decisão afirmando que as testemunhas "nada disseram contra o paciente [acusado]". Uma delas, "limitou-se a participar de conversa
na qual se comentou, sem maior
embasamento, que o paciente seria um dos mandantes do crime".
Como Sena é co-réu na acusação da morte do dirigente sindical
de Guarulhos, o advogado de Antonildo Gonçalves da Silva, Roberto Barbosa, entendeu que a decisão do Tribunal de Justiça poderia beneficiar também seu cliente.
Barbosa tomou como base o artigo 580 do Código de Processo
Penal, que determina que "no caso de concurso de agentes [acusados], a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de
caráter exclusivamente pessoal,
aproveitará aos outros".
O defensor ingressou com o pedido de habeas corpus em Guarulhos e acabou obtendo o benefício, estendido para os demais
acusados na mesma ação.
O advogado de Santiago, Alexandre Crepaldi, disse ontem que
a 6ª Câmara Criminal do TJ irá
apreciar hoje o pedido de habeas
corpus de seu cliente.
Em entrevista coletiva em uma
sala da Polícia Federal, Santiago
disse ser inocente, afirmou que
sua prisão "foi política", e que vai
voltar a ser motorista. "Não devo
voltar para o sindicato", disse. Ele
criticou o governo Marta Suplicy
(PT) também. "Fui acusado porque era contra a demissão de 18
mil pessoas que o novo sistema de
transporte iria causar", disse. Ele
afirmou que vai processar todas
as pessoas que o acusaram.
Colaborou o "Agora"
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