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São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2003

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GUERRA DOS ÔNIBUS

Juiz tira da prisão Edivaldo Santiago, que chefiou recentes greves de motoristas do transporte coletivo

Acusado de morte, sindicalista fica livre

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente afastado do sindicato dos motoristas de ônibus de São Paulo, Edivaldo Santiago, foi colocado em liberdade ontem graças a um alvará de soltura concedido pelo juiz Leandro Jorge Bittencourt, da Vara de Execuções Penais de Guarulhos. Ao sair da sede da Polícia Federal na Lapa (zona oeste), Santiago foi ovacionado por cerca de 50 motoristas.
O dirigente sindical e outros dez sindicalistas foram detidos em 19 de maio (dias depois, mais oito seriam presos). Na ocasião, o grupo era acusado, entre outras coisas, de formação de quadrilha, desobediência a ordem judicial (por não terem mantido parte da frota nas ruas nas greves de 7 e 8 de abril) e paralisação de trabalho seguida de violência.
No dia 24 de maio, Santiago teve outra prisão temporária decretada, acusado de ter tramado a morte do ex-presidente do sindicato dos motoristas de Guarulhos Maurício Alves Cordeiro, assassinado em novembro de 2001.
Além de Santiago, também tiveram prisão temporária decretada pelo mesmo motivo José Carlos de Sena, presidente do Sindicargas, e Antonildo Gonçalves da Silva, conhecido como Índio, presidente do sindicato de Guarulhos.
A soltura de Edivaldo e de outros acusados aconteceu graças a uma pequena maratona judicial. Em junho, os advogados de José Carlos de Sena haviam entrado no Tribunal de Justiça (TJ) com pedido de habeas corpus. A 1ª Câmara Criminal de Férias do TJ concedeu a revogação da prisão preventiva em 22 de setembro.
O desembargador-relator, Geraldo Xavier, justificou sua decisão afirmando que as testemunhas "nada disseram contra o paciente [acusado]". Uma delas, "limitou-se a participar de conversa na qual se comentou, sem maior embasamento, que o paciente seria um dos mandantes do crime".
Como Sena é co-réu na acusação da morte do dirigente sindical de Guarulhos, o advogado de Antonildo Gonçalves da Silva, Roberto Barbosa, entendeu que a decisão do Tribunal de Justiça poderia beneficiar também seu cliente.
Barbosa tomou como base o artigo 580 do Código de Processo Penal, que determina que "no caso de concurso de agentes [acusados], a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros".
O defensor ingressou com o pedido de habeas corpus em Guarulhos e acabou obtendo o benefício, estendido para os demais acusados na mesma ação.
O advogado de Santiago, Alexandre Crepaldi, disse ontem que a 6ª Câmara Criminal do TJ irá apreciar hoje o pedido de habeas corpus de seu cliente.
Em entrevista coletiva em uma sala da Polícia Federal, Santiago disse ser inocente, afirmou que sua prisão "foi política", e que vai voltar a ser motorista. "Não devo voltar para o sindicato", disse. Ele criticou o governo Marta Suplicy (PT) também. "Fui acusado porque era contra a demissão de 18 mil pessoas que o novo sistema de transporte iria causar", disse. Ele afirmou que vai processar todas as pessoas que o acusaram.


Colaborou o "Agora"


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