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DIREITOS HUMANOS
Deputado recebeu ameaça um dia após assassinato de homem que prometeu denunciar tortura policial
Mais uma testemunha é ameaçada na PB
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
Um dia após um homem ter sido assassinado na Paraíba, em
mais um crime atribuído à ação
de grupos de extermínio, o deputado estadual Frei Anastácio (PT),
58, recebeu ameaça de morte na
última segunda-feira. No domingo, Reginaldo Firmino Alves, 38,
foi morto com um tiro na cabeça.
Alves foi morto em uma praça
de João Pessoa (PB), ao ser alvejado por dois homens que estavam
em uma moto. Na quarta-feira
passada, ele havia dito numa rádio de Bayeux, município próximo de João Pessoa, que denunciaria à Justiça um policial militar.
Na entrevista, feita por telefone,
disse que havia presenciado um
ato de tortura policial contra uma
pessoa do seu bairro -os nomes
não foram revelados.
Para o deputado federal Luiz
Couto (PT-PB), relator de um CPI
criada para apurar a ação de matadores de aluguel no Brasil, o crime é semelhante ao ocorrido no
último dia 27 -quando Flávio
Manoel da Silva, 33, foi morto a tiros perto da sua casa, em Pedras
de Fogo (57 km de João Pessoa),
pelo garupa de uma moto.
Testemunha de uma CPI estadual que investigou denúncias de
ações de grupos de extermínio no
Estado, Silva havia prestado depoimento à relatora especial para
execuções sumárias da ONU (Organização das Nações Unidas), a
paquistanesa Asma Jahangir,
quatro dias antes de morrer.
O deputado Frei Anastácio, presidente de uma CPI estadual que
em 2001 investigou assassinatos
ocorridos no campo, recebeu
ameaça de morte por telefone na
manhã de segunda-feira, mesmo
dia em que entregou à Polícia Federal um relatório com denúncias
de um suposto esquema criminoso que envolveria policiais.
No telefonema, o interlocutor
apenas disse: "Avisa para o Frei
Anastácio que ele pode ser o terceiro assassinado". A ameaça faz
referência às mortes de Flávio
Manoel da Silva e de Reginaldo
Firmino Alves, diz o deputado.
Apesar de andar escoltado dia e
noite por policiais militares há
cerca de quatro meses, o deputado declarou se sentir vulnerável.
No relatório, o deputado denuncia um suposto esquema de
venda de armas e de drogas em
barracas do Mercado Central de
João Pessoa. Ele diz que policiais e
ex-policiais militares, civis e da
Polícia Rodoviária Federal integram o esquema, acobertando as
supostas ações criminosas.
A assessoria de imprensa do gabinete da Secretaria da Segurança
Pública informou que o Gabinete
de Gestão Integrada -que congrega as polícias Civil, Militar e
Federal- já investigava o caso
antes da denúncia do deputado.
Ainda segundo a assessoria,
quatro pessoas, sob acusação de
integrar o suposto grupo criminoso, foram presas na semana
passada. Sobre o crime de domingo, o delegado José Henrique da
Silva Filho disse que era muito cedo para elaborar alguma hipótese.
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