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MASSACRE NO CENTRO
Projeto do Estado de alocar 500 em frentes de trabalho não sai do papel; prefeitura já obteve parceria
Alckmin não cria vaga para morador de rua
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um mês e meio depois de o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), ter anunciado
um projeto para integrar moradores de rua a frentes de trabalho,
as 500 vagas prometidas continuam no papel.
A idéia foi lançada por Alckmin
no dia 25 de agosto, logo após os
ataques a moradores de rua no
centro da capital (ocorridos nos
dias 19 e 22 daquele mês). Só daqui a um mês, porém, as primeiras 300 vagas em frentes de trabalho serão abertas. E elas também
estarão disponíveis a pessoas que
não vivem nas vias da cidade.
Segundo a secretária estadual de
Assistência e Desenvolvimento
Social, Maria Helena Castro, será
lançado nesta semana um edital
para que as entidades que trabalham com moradores de rua os
cadastrem. A entrega das vagas
será realizada por ordem de inscrição. As outras 200 vagas, ainda
segundo a secretária, devem ser
abertas em dezembro.
Para Maria Helena Castro, não
existe demora na implementação
do projeto. "Foram feitas reuniões semanais, identificamos as
entidades parceiras. E a proposta
é feita de uma forma diferenciada.
Não podemos alocar um morador de rua em uma frente qualquer", disse.
Prefeitura
Mas os moradores de rua que
participam de um projeto semelhante, lançado pela prefeitura
também no fim de agosto, começarão a trabalhar bem antes. Dos
500 moradores de rua atendidos,
160 começarão a vender sorvete a
partir do próximo dia 25, em um
convênio firmado entre a prefeitura e a Kibon. A meta é empregar
os demais até o fim do ano.
Todos têm recebido apoio psicológico semanal desde setembro, por meio de uma parceria
com o Conselho Regional de Psicologia. A meta é resgatar a auto-estima, afirma a psicóloga Betina
Leme. "Eles não se acham capazes
e põem no currículo menos habilidades do que têm."
Para o carroceiro José Rogério
de Araújo, 41, as reuniões são
boas para desabafar. Apesar de o
último ataque a moradores de rua
ter sido no dia 22 de agosto, ele e
os colegas ainda se revezam para
dormir. "Continuo com medo."
Ao comentar o programa da
prefeitura, a secretária estadual
Maria Helena Castro afirmou que
as entidades parceiras do governo
tucano também oferecem apoio
psicológico. Ela disse que um prédio do Estado está sendo desocupado para a criação de um centro
de atendimento aos moradores de
rua com problemas de saúde.
Independentemente dos resultados alcançados ou previstos,
tanto o programa estadual como
o municipal ainda atingem um
número insuficiente de moradores de rua. Juntos, eles beneficiarão mil pessoas -cerca de 10%
das 10.394 pessoas que moram
nas vias da cidade.
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