São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MASSACRE NO CENTRO

Projeto do Estado de alocar 500 em frentes de trabalho não sai do papel; prefeitura já obteve parceria

Alckmin não cria vaga para morador de rua

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um mês e meio depois de o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ter anunciado um projeto para integrar moradores de rua a frentes de trabalho, as 500 vagas prometidas continuam no papel.
A idéia foi lançada por Alckmin no dia 25 de agosto, logo após os ataques a moradores de rua no centro da capital (ocorridos nos dias 19 e 22 daquele mês). Só daqui a um mês, porém, as primeiras 300 vagas em frentes de trabalho serão abertas. E elas também estarão disponíveis a pessoas que não vivem nas vias da cidade.
Segundo a secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Maria Helena Castro, será lançado nesta semana um edital para que as entidades que trabalham com moradores de rua os cadastrem. A entrega das vagas será realizada por ordem de inscrição. As outras 200 vagas, ainda segundo a secretária, devem ser abertas em dezembro.
Para Maria Helena Castro, não existe demora na implementação do projeto. "Foram feitas reuniões semanais, identificamos as entidades parceiras. E a proposta é feita de uma forma diferenciada. Não podemos alocar um morador de rua em uma frente qualquer", disse.

Prefeitura
Mas os moradores de rua que participam de um projeto semelhante, lançado pela prefeitura também no fim de agosto, começarão a trabalhar bem antes. Dos 500 moradores de rua atendidos, 160 começarão a vender sorvete a partir do próximo dia 25, em um convênio firmado entre a prefeitura e a Kibon. A meta é empregar os demais até o fim do ano.
Todos têm recebido apoio psicológico semanal desde setembro, por meio de uma parceria com o Conselho Regional de Psicologia. A meta é resgatar a auto-estima, afirma a psicóloga Betina Leme. "Eles não se acham capazes e põem no currículo menos habilidades do que têm."
Para o carroceiro José Rogério de Araújo, 41, as reuniões são boas para desabafar. Apesar de o último ataque a moradores de rua ter sido no dia 22 de agosto, ele e os colegas ainda se revezam para dormir. "Continuo com medo."
Ao comentar o programa da prefeitura, a secretária estadual Maria Helena Castro afirmou que as entidades parceiras do governo tucano também oferecem apoio psicológico. Ela disse que um prédio do Estado está sendo desocupado para a criação de um centro de atendimento aos moradores de rua com problemas de saúde.
Independentemente dos resultados alcançados ou previstos, tanto o programa estadual como o municipal ainda atingem um número insuficiente de moradores de rua. Juntos, eles beneficiarão mil pessoas -cerca de 10% das 10.394 pessoas que moram nas vias da cidade.


Texto Anterior: Grande SP: Identificado responsável por matar menina
Próximo Texto: Preso PM ligado aos suspeitos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.