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Salário não melhora ensino, diz secretária
Maria Helena, titular da pasta de Educação, diz que Estados com as melhores avaliações não pagam salários mais altos
José Serra afirma que
São Paulo paga o que pode e
considera sem cabimento
comparação com salário
do professor no Acre
FÁBIO TAKAHASHI
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A secretária estadual da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, afirmou ontem que qualidade de
ensino não tem relação com salário dos professores.
A declaração foi feita em resposta à reportagem de ontem
da Folha, que mostrou que o
governo paulista paga R$ 8,05
por hora -39% menos que o
Acre (R$ 13,16)- para professores em início de carreira e é
apenas o oitavo melhor salário
do país.
"O quadro mostra, com clareza, que não há uma relação
direta entre salário e qualidade
do ensino, embora a questão
salarial seja fundamental para
valorização dos professores",
disse a titular da pasta do governo José Serra (PSDB).
Maria Helena cita o fato de
Estados como Minas Gerais e
Distrito Federal (governados
por PSDB e DEM, respectivamente) estarem entre os três
melhores desempenhos da
quarta série no Saeb (exame do
governo federal), embora não
tenham os salários mais altos.
Ficaram em 17º e 19º.
Questionada sobre o Acre,
que é o campeão dos salários e
aumentou 13,8 pontos no Saeb
entre 2003 e 2005 (São Paulo
avançou 1,1), ela disse que o Estado melhorou porque manteve a mesma política educacional desde o início dos anos 90.
Antonio Chizzotti, professor
da Faculdade de Educação da
PUC-SP, discorda: "Uma das
questões fundamentais na qualidade de ensino é a remuneração do docente". Para ele, o
professor precisa ter condições
de estudar, comprar livros, ir
ao teatro. "Tudo isso é formação", diz. "E não dá para cobrar
bom trabalho de um funcionário a que se paga mal."
A declaração da secretária foi
dada durante cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, em que
Serra sancionou seis projetos
aprovados na Assembléia.
Serra considerou "sem cabimento" comparar São Paulo ao
Acre, pois, disse, o Estado do
Norte praticamente não gasta
com aposentados e possui cerca de 70% a mais de recursos
disponíveis por habitante (somando arrecadação estadual e
transferências federais).
Serra reclamou também do
fato de a reportagem não somar ao salário as gratificações
pagas aos professores. A reportagem mostrou, porém, que o
salário acreano (sem contabilizar a gratificação) é maior que a
remuneração paga em São Paulo (incluindo gratificação).
Sobre o fato de Alagoas também pagar mais, Serra disse:
"Viva Alagoas, está muito bom.
No caso de São Paulo, não é
possível. Aliás, o Estado de Alagoas quebrou por algum motivo. Não estou dizendo que foi
especificamente esse assunto".
Após a entrevista coletiva, o
governador afirmou à Folha
que São Paulo paga "dentro das
possibilidades do Estado hoje".
Entre as medidas apresentadas ontem estão a antecipação
para este mês do bônus que seria pago em 2008; possibilidade de pagamento em dinheiro
de parte da licença-prêmio; incorporação de gratificação que
beneficiará os aposentados; e a
seleção de 2.545 secretários de
escola e de 12 mil professores
coordenadores.
O ministro da Educação,
Fernando Haddad, disse ontem que o piso salarial nacional
para professores, aprovado na
Câmara dos Deputados (R$
950), pode ajudar a melhorar a
situação dos docentes. "Mas,
como professor, e no dia dos
professores, não posso dizer
que considero [o valor] ideal."
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