São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

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Subsídio a ônibus daria para fazer linha do metrô em SP

Para manter tarifa em R$ 2,30, gestão Kassab vai gastar R$ 1,2 bi em dois anos com setor

Dinheiro daria para construir um trem leve de São Judas a Congonhas e, em quatro anos, metrô do tamanho da linha 2-verde (Paulista)

ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
RICARDO SANGIOVANNI

O garçom Euclides, 47, e a diarista Nair Dias, 44, têm em comum, além de serem casados e morarem em São Mateus (na zona leste da cidade), a rotina de perder mais de quatro horas por dia dentro do transporte coletivo (quase sempre superlotado), de casa para o trabalho e do trabalho para casa. "Pegar transporte é mais cansativo que meu serviço", afirma Nair.
Mas quando a discussão é escolher entre pagar mais pela passagem em troca de um transporte mais confortável, que permitisse chegar mais rápido, as opiniões se dividem. Nair diz que "até faria um sacrifício de pagar um pouco a mais". Euclides, não. "É melhor deixar como está. Não se pode aumentar os custos. O salário que a gente ganha não dá."
O histórico de investimentos do prefeito Gilberto Kassab (DEM) indica que ele decidiu privilegiar a visão do garçom -e que vai prosseguir com a opção ao menos até 2009, quando promete manter a tarifa de ônibus congelada em R$ 2,30.
Para tanto, a prefeitura vai desembolsar, na soma deste e do próximo ano, mais de R$ 1,2 bilhão com subsídios à passagem de ônibus -valor que pode ser ultrapassado.
É dinheiro suficiente, por exemplo, para construir um VLT (trem leve) do metrô São Judas até a linha 9-Esmeralda da CPTM, passando pelo aeroporto de Congonhas, conforme projeto do governo do Estado.
Mantido esse ritmo, nos quatro anos do mandato de Kassab, daria para construir uma linha inteira de metrô semelhante à extensão da 2-verde (ramal Paulista), que tem 10,7 km.
Na proposta de Orçamento do ano que vem, os R$ 600 milhões em subsídios sugeridos pelo prefeito representam mais do que a soma dos principais investimentos de Kassab no sistema de transporte, como os repasses para obras do metrô (R$ 250 milhões), a continuação do Expresso Tiradentes (R$ 146 milhões) e a implantação de corredores e terminais de ônibus (R$ 124 milhões).


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