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Subsídio a ônibus daria para fazer linha do metrô em SP
Para manter tarifa em R$ 2,30, gestão Kassab vai gastar R$ 1,2 bi em dois anos com setor
Dinheiro daria para construir um trem leve de São Judas a Congonhas e, em quatro anos, metrô do tamanho da linha 2-verde (Paulista)
ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
RICARDO SANGIOVANNI
O garçom Euclides, 47, e a
diarista Nair Dias, 44, têm em
comum, além de serem casados
e morarem em São Mateus (na
zona leste da cidade), a rotina
de perder mais de quatro horas
por dia dentro do transporte
coletivo (quase sempre superlotado), de casa para o trabalho
e do trabalho para casa. "Pegar
transporte é mais cansativo
que meu serviço", afirma Nair.
Mas quando a discussão é escolher entre pagar mais pela
passagem em troca de um
transporte mais confortável,
que permitisse chegar mais rápido, as opiniões se dividem.
Nair diz que "até faria um sacrifício de pagar um pouco a
mais". Euclides, não. "É melhor
deixar como está. Não se pode
aumentar os custos. O salário
que a gente ganha não dá."
O histórico de investimentos
do prefeito Gilberto Kassab
(DEM) indica que ele decidiu
privilegiar a visão do garçom
-e que vai prosseguir com a opção ao menos até 2009, quando
promete manter a tarifa de ônibus congelada em R$ 2,30.
Para tanto, a prefeitura vai
desembolsar, na soma deste e
do próximo ano, mais de R$ 1,2
bilhão com subsídios à passagem de ônibus -valor que pode
ser ultrapassado.
É dinheiro suficiente, por
exemplo, para construir um
VLT (trem leve) do metrô São
Judas até a linha 9-Esmeralda
da CPTM, passando pelo aeroporto de Congonhas, conforme
projeto do governo do Estado.
Mantido esse ritmo, nos quatro anos do mandato de Kassab,
daria para construir uma linha
inteira de metrô semelhante à
extensão da 2-verde (ramal
Paulista), que tem 10,7 km.
Na proposta de Orçamento
do ano que vem, os R$ 600 milhões em subsídios sugeridos
pelo prefeito representam mais
do que a soma dos principais
investimentos de Kassab no
sistema de transporte, como os
repasses para obras do metrô
(R$ 250 milhões), a continuação do Expresso Tiradentes
(R$ 146 milhões) e a implantação de corredores e terminais
de ônibus (R$ 124 milhões).
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