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Estado tentou fazer obra um dia antes do acidente
Concessionária que gerencia a Régis foi à polícia para impedir obra do Rodoanel
Na quinta-feira, rodovia foi interditada por funcionários das empreiteiras, da Dersa e por policiais para completar instalação das vigas
Almeida Rocha/Folha Imagem
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Técnicos do IPT durante visita ao local do acidente do Rodoanel
EVANDRO SPINELLI
OCIMARA BALMANT
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia antes do acidente no
Rodoanel, o governo de São
Paulo tentou fazer obras no
viaduto que vai passar sobre a
rodovia Régis Bittencourt sem
autorização da concessionária
que administra a estrada.
Três das quatro vigas de mais
de 80 toneladas cada uma instaladas no viaduto em obras
caíram sobre três carros que
passavam pela Régis. Três pessoas ficaram feridas.
O acidente foi na sexta-feira,
13. Na quinta-feira, funcionários das empreiteiras que fazem as obras, da Dersa (estatal
que gerencia as obras) e policiais rodoviários federais interditaram a Régis para completar
a instalação das vigas.
As empreiteiras e a Dersa tinham autorização para ocupar
parte das pistas de 7 a 10 de novembro (de sábado até terça)
para instalar dez vigas no viaduto. Mas, por problemas com
chuva, quebra de um guindaste
e rachadura em uma das vigas,
só foram instaladas quatro.
O Estado quis continuar as
obras, mas a concessionária
que administra a rodovia só havia permitido a volta dos guindastes no sábado, dia 14.
A obra previa a instalação de
cinco vigas em cada lado do viaduto. Segundo técnicos, o normal é que todas as vigas de uma
mesma estrutura sejam instaladas na sequência, pois elas
são amarradas umas às outras.
A falta da amarração final,
que fixa as cinco vigas na estrutura, pode, na opinião de técnicos, ter sido um dos fatores para o acidente, pois a região é sujeita à trepidação causada pelo
movimento da Régis.
Como não havia autorização
para as interdições na quinta-feira, um funcionário da Autopista Régis Bittencourt, empresa do grupo espanhol OHL que
administra a rodovia, registrou
um boletim de ocorrência contra as empreiteiras e a Polícia
Rodoviária Federal.
O objetivo do registro da
ocorrência era a preservação
dos direitos da Autopista em
casos de acidente. As obras não
chegaram a ser feitas.
O Rodoanel está previsto para ser inaugurado em 27 de
março, dias antes do prazo para
o governador José Serra
(PSDB) deixar o cargo caso se
candidate à Presidência.
O cronograma foi antecipado
em um mês, mas o governo nega pressa: diz que os prazos foram estabelecidos em 2007, estão sendo cumpridos normalmente e que o viaduto onde
houve o acidente pode ser
construído em menos de mês.
O governo e as empreiteiras
não explicaram por que tentaram antecipar em dois dias as
obras no viaduto do acidente.
O secretário de Transportes,
Mauro Arce, afirmou que o governo não tinha intenção de fazer obra naquele dia. "O fato de
as máquinas estarem lá não significa que iriam colocar as vigas." O secretário disse que,
após a instalação das primeiras
quatro vigas, a Dersa pediu nova autorização, que foi concedida para o fim de semana.
"O boletim de ocorrência é
fora de propósito. Para fazer a
obra, é preciso fechar a estrada
e a Polícia Rodoviária Federal
não pode fechar a estrada sem
ter uma licença", afirmou Arce.
A Folha não localizou ontem
os responsáveis pela Rodoanel
Sul-5 Engenharia -formada
por OAS, Mendes Jr. e Carioca
Engenharia- e pela Polícia Rodoviária Federal.
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