São Paulo, segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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Estado tentou fazer obra um dia antes do acidente

Concessionária que gerencia a Régis foi à polícia para impedir obra do Rodoanel

Na quinta-feira, rodovia foi interditada por funcionários das empreiteiras, da Dersa e por policiais para completar instalação das vigas

Almeida Rocha/Folha Imagem
Técnicos do IPT durante visita ao local do acidente do Rodoanel

EVANDRO SPINELLI
OCIMARA BALMANT
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia antes do acidente no Rodoanel, o governo de São Paulo tentou fazer obras no viaduto que vai passar sobre a rodovia Régis Bittencourt sem autorização da concessionária que administra a estrada.
Três das quatro vigas de mais de 80 toneladas cada uma instaladas no viaduto em obras caíram sobre três carros que passavam pela Régis. Três pessoas ficaram feridas.
O acidente foi na sexta-feira, 13. Na quinta-feira, funcionários das empreiteiras que fazem as obras, da Dersa (estatal que gerencia as obras) e policiais rodoviários federais interditaram a Régis para completar a instalação das vigas.
As empreiteiras e a Dersa tinham autorização para ocupar parte das pistas de 7 a 10 de novembro (de sábado até terça) para instalar dez vigas no viaduto. Mas, por problemas com chuva, quebra de um guindaste e rachadura em uma das vigas, só foram instaladas quatro.
O Estado quis continuar as obras, mas a concessionária que administra a rodovia só havia permitido a volta dos guindastes no sábado, dia 14.
A obra previa a instalação de cinco vigas em cada lado do viaduto. Segundo técnicos, o normal é que todas as vigas de uma mesma estrutura sejam instaladas na sequência, pois elas são amarradas umas às outras.
A falta da amarração final, que fixa as cinco vigas na estrutura, pode, na opinião de técnicos, ter sido um dos fatores para o acidente, pois a região é sujeita à trepidação causada pelo movimento da Régis.
Como não havia autorização para as interdições na quinta-feira, um funcionário da Autopista Régis Bittencourt, empresa do grupo espanhol OHL que administra a rodovia, registrou um boletim de ocorrência contra as empreiteiras e a Polícia Rodoviária Federal.
O objetivo do registro da ocorrência era a preservação dos direitos da Autopista em casos de acidente. As obras não chegaram a ser feitas.
O Rodoanel está previsto para ser inaugurado em 27 de março, dias antes do prazo para o governador José Serra (PSDB) deixar o cargo caso se candidate à Presidência.
O cronograma foi antecipado em um mês, mas o governo nega pressa: diz que os prazos foram estabelecidos em 2007, estão sendo cumpridos normalmente e que o viaduto onde houve o acidente pode ser construído em menos de mês.
O governo e as empreiteiras não explicaram por que tentaram antecipar em dois dias as obras no viaduto do acidente.
O secretário de Transportes, Mauro Arce, afirmou que o governo não tinha intenção de fazer obra naquele dia. "O fato de as máquinas estarem lá não significa que iriam colocar as vigas." O secretário disse que, após a instalação das primeiras quatro vigas, a Dersa pediu nova autorização, que foi concedida para o fim de semana.
"O boletim de ocorrência é fora de propósito. Para fazer a obra, é preciso fechar a estrada e a Polícia Rodoviária Federal não pode fechar a estrada sem ter uma licença", afirmou Arce.
A Folha não localizou ontem os responsáveis pela Rodoanel Sul-5 Engenharia -formada por OAS, Mendes Jr. e Carioca Engenharia- e pela Polícia Rodoviária Federal.


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