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EDUCAÇÃO
Verba da seca ajuda Alfabetização Solidária
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local
Recursos destinados às frentes
de trabalho nas regiões de seca do
Nordeste foram usados no segundo semestre deste ano para pagar
bolsas para jovens e adultos que
buscassem se alfabetizar, resultando em um crescimento de 5,5
vezes no programa Alfabetização
Solidária.
No primeiro semestre, o programa atendia 36 mil alunos, em 148
municípios. Com as bolsas (em
média, R$ 80 por mês por aluno),
esses números saltaram para 200
mil alunos, em 581 municípios.
A idéia de usar recursos das
frentes de trabalho para criar as
chamadas frentes de alfabetização
foi de políticos da região, em conjunto com a Sudene. Como em
muitos lugares não havia trabalho
a ser remunerado, decidiu-se pagar a quem estudasse.
"O fato de ter em mãos um modelo que começou pequenininho,
que estava aos poucos crescendo,
permitiu que a gente tivesse essa
imensa ampliação no programa
Alfabetização Solidária", afirma
Ruth Cardoso, presidente do Conselho do Comunidade Solidária.
"A remuneração das frentes é
da Sudene, nós não temos nada
com isso", diz a primeira-dama.
"A ampliação só foi possível porque tivemos um apoio muito
grande das empresas privadas."
O Alfabetização Solidária é um
programa estruturado a partir de
uma série de parcerias: prefeituras, secretarias municipais e estaduais da Educação oferecem a infra-estrutura, o Ministério da
Educação entra com materiais didáticos e suporte pedagógico, universidades treinam os alfabetizadores, e empresas privadas dão (a
fundo perdido) recursos para pagar professores.
A alfabetização é feita em um período de cinco meses. No esquema
de parcerias, cada aluno custa R$
34 por mês. Ao todo, 48 empresas
privadas já deram R$ 28 milhões.
O resultado tem sido um êxito
de 70% a 74% dos alunos alfabetizados (definidos como capazes de
"ler e escrever palavras, frases ou
textos"). A evasão tem ficado entre 20% e 26% -segundo dados
que serão divulgados hoje, último
dia do seminário de avaliação de
dois anos do programa, que ocorre em São Paulo.
"São resultados muito bons",
afirma Regina Esteves, coordenadora executiva nacional do Alfabetização Solidária. "A Unesco
trabalha com um índice de evasão
de 50% em programas desse tipo."
Hoje também será criada a Associação de Apoio ao Programa de
Alfabetização Solidária, uma entidade sem fins lucrativos que passará a coordenar a rede de parcerias -e a garantir a continuidade
do crescimento do programa.
Ruth Cardoso diz que, em 99,
pretende chegar a 500 mil alunos
atendidos -praticamente o dobro dos atuais 275 mil.
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