São Paulo, segunda, 16 de novembro de 1998

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EDUCAÇÃO

Verba da seca ajuda Alfabetização Solidária

FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

Recursos destinados às frentes de trabalho nas regiões de seca do Nordeste foram usados no segundo semestre deste ano para pagar bolsas para jovens e adultos que buscassem se alfabetizar, resultando em um crescimento de 5,5 vezes no programa Alfabetização Solidária.
No primeiro semestre, o programa atendia 36 mil alunos, em 148 municípios. Com as bolsas (em média, R$ 80 por mês por aluno), esses números saltaram para 200 mil alunos, em 581 municípios.
A idéia de usar recursos das frentes de trabalho para criar as chamadas frentes de alfabetização foi de políticos da região, em conjunto com a Sudene. Como em muitos lugares não havia trabalho a ser remunerado, decidiu-se pagar a quem estudasse.
"O fato de ter em mãos um modelo que começou pequenininho, que estava aos poucos crescendo, permitiu que a gente tivesse essa imensa ampliação no programa Alfabetização Solidária", afirma Ruth Cardoso, presidente do Conselho do Comunidade Solidária.
"A remuneração das frentes é da Sudene, nós não temos nada com isso", diz a primeira-dama. "A ampliação só foi possível porque tivemos um apoio muito grande das empresas privadas."
O Alfabetização Solidária é um programa estruturado a partir de uma série de parcerias: prefeituras, secretarias municipais e estaduais da Educação oferecem a infra-estrutura, o Ministério da Educação entra com materiais didáticos e suporte pedagógico, universidades treinam os alfabetizadores, e empresas privadas dão (a fundo perdido) recursos para pagar professores.
A alfabetização é feita em um período de cinco meses. No esquema de parcerias, cada aluno custa R$ 34 por mês. Ao todo, 48 empresas privadas já deram R$ 28 milhões.
O resultado tem sido um êxito de 70% a 74% dos alunos alfabetizados (definidos como capazes de "ler e escrever palavras, frases ou textos"). A evasão tem ficado entre 20% e 26% -segundo dados que serão divulgados hoje, último dia do seminário de avaliação de dois anos do programa, que ocorre em São Paulo.
"São resultados muito bons", afirma Regina Esteves, coordenadora executiva nacional do Alfabetização Solidária. "A Unesco trabalha com um índice de evasão de 50% em programas desse tipo."
Hoje também será criada a Associação de Apoio ao Programa de Alfabetização Solidária, uma entidade sem fins lucrativos que passará a coordenar a rede de parcerias -e a garantir a continuidade do crescimento do programa.
Ruth Cardoso diz que, em 99, pretende chegar a 500 mil alunos atendidos -praticamente o dobro dos atuais 275 mil.



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