São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

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BARBARA GANCIA

Um 2006 sem afogar em números

É bom aproveitar as festas de Natal para criar ânimo. O ano que vem é de eleições presidenciais e convém ficar de olhos bem abertos para o rumo que o suado dinheiro do contribuinte irá tomar.
Para colocar em perspectiva o que nos espera, é bom lembrar que, em março deste ano, quando as articulações visando as eleições de 2006 ainda engatinhavam, Guido Mantega, recém-empossado como presidente do BNDES, liberou US$ 107 milhões para as obras do metrô da capital venezuelana, Caracas.
Logo em seguida, Mantega engavetou um pedido de empréstimo, de US$ 150 milhões, feito pelo governador Geraldo Alckmin para a construção de nova linha do metrô paulistano.
Note que, em 2004, o mesmo BNDES, que vem a ser o maior banco de fomento do país, havia liberado R$ 490 milhões para que a prefeitura de Marta Suplicy construísse os dois túneis das avenidas Rebouças e Cidade Jardim e os corredores de ônibus (que seriam inutilizados com a construção do metrô) entregues à população às pressas na véspera das últimas eleições municipais.
Em 2006, a precaução do eleitor deve ser redobrada. Olho vivo: em ano de eleição presidencial, será que o governo vai deixar que a crise da Varig siga seu curso natural em direção ao abismo?
Por mais que o vice José Alencar, agora com pretensões presidenciais, queira imprimir sua marca nacionalista para salvar a companhia, não existem soluções mágicas.
Diante de dívidas e contingências trabalhistas da ordem de R$ 9 bilhões, acumuladas em anos e anos de má gestão, não há plano ou montagem de negócio por parte de qualquer empresário oportunista que possa salvar a Varig de ir para o beleléu.
Ou será que o nobre leitor acha que vale a pena continuar a bolar saídas artificiais para premiar a ineficiência e a não-rentabilidade da Viação Aérea Rio-Grandense com dinheiro que, no fim das contas, vai acabar saindo, de um jeito ou de outro, do nosso bolso?
Para entender o quão enredadas têm sido as soluções encontradas para o salvamento da Varig, vale lembrar que o empresário Nelson Tanure, que tenta adquirir a maioria da FRB Participações, controladora da Varig, vem a ser inadimplente no BNDES e não pode obter financiamento da instituição.
Despeço-me do meu querido leitor desejando um feliz Natal e um 2006 de saúde e realizações. Esta coluna voltará a ser publicada no dia 6 de janeiro.

QUALQUER NOTA

Nota preta
O uísque Johnnie Walker está comemorando 200 anos com uma tiragem exclusiva de 200 garrafas numeradas (de 750 ml). Alguns exemplares estão sendo vendidos no Brasil por R$ 60 mil. Considerando que são 15 doses por garrafa, cada dose sai por R$ 4.000. Note que R$ 60 mil compram 800 garrafas de qualquer escocês bom.

Mundo cão
Esta é mais feia do que bater na mãe no dia de Natal: na última quarta-feira, no Rio de Janeiro, uma aposentada de 96 anos foi vítima de estupro por parte de um menino de 13 anos. A mulher foi socorrida por PMs.


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