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DANUZA LEÃO
Pedido de casamento
Isso me faz pensar na (quase) igualdade dos sexos. Nunca vi uma mulher pedir um homem em casamento
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EU ADORO cinema; vejo filmes
bons, ruins, maravilhosos, tudo que passa na TV quando
não estou fazendo nada, e até filmes
que já estão pela metade eu vejo. E
fico espantada como em tantos deles a cena se repete: é quando o galã
aparece com uma caixinha com um
anel de noivado e a mocinha quase
se derrete de tanta felicidade.
Isso me faz pensar na famosa
(quase) igualdade dos sexos. Nunca
vi, em nenhum deles, uma mulher
pedir um homem em casamento
-nem nos filmes nem na vida real.
O que me leva a pensar que este pequeno detalhe, apesar de tantas coisas já conseguidas pelas mulheres,
demonstra que estamos a léguas de
distância de atingir a tal igualdade.
Já pensou, se num filme a mocinha chega com um anel e o oferece
ao homem, querendo com isso pedi-lo em casamento? E os olhos dele
brilharem e ele dizer sim, sim, sim, e
depois correr para contar aos amigos o que aconteceu? Seria ridículo,
acho, todos acharíamos, e enquanto
uma cena dessas nos parecer ridícula é sinal de que ainda falta muito para as mulheres chegarem ao fim desse difícil caminho que é o de se igualarem aos homens.
Aliás, não sei porque elas -algumas- querem tanto ser iguais a eles.
O que já conseguimos -tirando a
igualdade de salários- já está mais
do que bom. Podemos sair sozinhas
à noite, namorar, viajar, morar junto, separar quando nos dá na telha,
ser mães solteiras, e fico imaginando
o que mais podemos querer para
sermos iguais a eles. O tal do pênis,
será? Ah, dr. Freud, mas a gente vive
tão bem sem ele, que não posso imaginar que alguma tenha inveja de
não ter o famoso atributo do qual
eles tanto se orgulham.
Eles não dizem, mas morrem de
inveja de nós. Se não morressem,
não haveria tantos, no Carnaval -só
de brincadeirinha, claro-, que se
vestem de mulher, põem uns peitões de borracha, salto alto, minissaia, peruca, capricham na maquiagem e saem sambando durante quatro dias seguidos. Só de brincadeirinha, claro. Mas nunca vi nenhuma
mulher -nem no Carnaval- usar
terno, camisa, gravata e sair para se
divertir, fingindo que é homem. Não
é engraçado?
Pensando bem, além do amor, do
desejo de morar junto, de ter um
companheiro, nenhuma mulher
precisa de um homem para nada;
melhor dizendo, para quase nada. Só
para ser mais feliz, o que nem sempre acontece. Do imposto de renda o
contador cuida, se o pneu do carro
fura, é só ligar para o seguro e em minutos chega um motoqueiro, para ir
a uma festa eles são perfeitamente
dispensáveis; então, pra quê?
Mas digamos que algumas mulheres ainda sejam tão feministas -essa coisa tão fora de moda- que continuem empunhando a bandeira pela igualdade dos sexos.
Algumas até acham que já chegaram lá e se consideram liberadas e
bem resolvidas. São aquelas que têm
seu trabalho, dividem as contas e sabem qual vai ser o impacto sobre a
população com a queda da CPMF,
palmas para elas.
Algumas dessas, mesmo assim,
gostariam de morar junto com seus
companheiros, por razões que nem
vale a pena citar, tantas elas podem
ser. Muito justo, justíssimo. Essas
insinuam, dão toques sutis, mas
nunca ouvi falar de nenhuma que tenha pedido um homem em casamento, assim, na lata.
E enquanto o mundo for assim,
que ninguém venha me falar da
igualdade dos sexos, pois esse pequeno detalhe mostra que quem comanda o rumo dos acontecimentos
entre homem e mulher é sempre o
homem. É sempre dele a iniciativa, o
que aliás não tem a menor importância, pois temos o direito de dizer
não ao que eles acham que é a maior
homenagem que podem prestar a
uma mulher.
danuza.leao@uol.com.br
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