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Boqueirão e Piatã, em Salvador, são lembradas em protesto
DA REDAÇÃO
No Boqueirão, em Praia
Grande, é possível ver, em tempo
real, o futuro desanimador
das praias maravilhosas e vazias
que o Brasil ainda tem.
A chapuletada é do jornalista
e historiador Eduardo Bueno,
que votou na praia paulista, a
86 km da capital, em protesto.
Outra personalidade que se
rebelou foi a colunistada Folha
Danuza Leão. Para ela, Piatã,
em Salvador, era a praia mais
bonita do país -assim mesmo,
com o verbo no passado, pois
hoje, segundo Danuza, as
areias de Piatã lembram o caos
da 25 de Março, rua de comércio
popularem São Paulo.
Mamonas Assassinas
Ao justificar o voto, Bueno
explicou: "Não, não, não é por
ter sido tema da música dos
Mamonas Assassinas, muito
menos por ficar quase ao lado
de onde João Ramalho naufragou,
em 1508, e bem próxima
do local onde Martim Afonso
de Sousa ancorou, em 1532,
dando origem à ocupação portuguesa de São Paulo.
A praia do Boqueirão é a mais
linda em sentido metafórico:
representa, exemplarmente, o
que temos feito com nosso litoral.
Encontramos praias maravilhosas
e vazias -e deixamo-as
para trás,cheias e imundas."
E que dica dá ao turista que
for até lá? "Percorra os esgotos
a céu aberto, os meandros de
córregos poluídos, palmilhe a
areia cinzenta; contemple o paredão
de prédios medonhos. Se
o desespero for demasiado, espaireça
assobiando o clássico
dos Mamonas...", diz ele, acrescentando
que há décadas achava
a praia "legal".
Nada mais
O tom de protesto de Danuza
é mas mais saudosista: "O mar
era manso, na temperatura
ideal, havia barraquinhas vendendo
camarão frito na hora,
caranguejo cozido e cerveja
muito gelada; e precisa mais?".
Não, só precisava ter tido mais
carinho. "Hoje parece a 25 de
Março nas vésperas do Natal".
(SC,TM,HLEMDV)
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