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Turistas invadem SP para lazer e compras de Natal
Em dezembro, cidade recebe enxame de turistas do interior e de outros Estados
Comércio e festas de fim de ano respondem pelo 3º maior período turístico da cidade; perdem apenas para a Parada Gay e a Fórmula 1
ROBERTO DE OLIVEIRA
GUSTAVO FIORATTI
DA REVISTA DA FOLHA
É só em dezembro que São
Paulo sai do armário. Pelo menos como destino turístico. Enquanto o paulistano não vê a
hora de dar uma trégua às desavenças com o ar poluído e o
trânsito caótico, turistas do interior e de outros Estados desembarcam na metrópole para
disputar corredores de compras e o melhor ângulo nas fotos das decorações natalinas.
Comércio e festejos de fim de
ano respondem pelo terceiro
maior período turístico da cidade -perdem apenas para a Parada Gay e a Fórmula 1.
Ainda que humildemente, o
volume de turistas em São Paulo cresce a cada ano. Em 2007, a
ocupação hoteleira deve atingir
70% dos 46 mil quartos da cidade, um avanço de 5% em relação a 2006, segundo Caio Luiz
de Carvalho, presidente da
SPTuris (Empresa de Turismo
e Eventos da Cidade de São
Paulo).
Pelos cálculos da SPTuris, da
Embratur e da São Paulo Convention & Visitors Bureau, a capital deve fechar o ano com 10
milhões de visitantes (o Rio
vem logo atrás, com 6 milhões
de turistas/ano). São Paulo é a
primeira em turismo de negócios, convenções e compras
-abocanha quase metade desses segmentos em todo o país.
Para rascunhar uma amostra
dessa multidão, a reportagem
acompanhou um grupo do interior do Estado, da cidade de
Avaré, que se organizou para
visitar a capital.
Redutos
Os redutos que mais atraem
compradores de fora são os de
consumo popular. A rua 25 de
Março encabeça a lista de pontos obrigatórios. É preferida
por 18% dos turistas interessados em comprar. Em segundo
lugar, vem o shopping Iguatemi, com uma fatia de 10%. E, na
seqüência, com 9%, a região do
Brás, segundo a Fecomercio.
Mexido à paulistana
Nessa farofa natalina à paulista há também espaço para estrangeiros de bolsos recheados,
o que motivou a criação de serviços especiais pelo setor turístico. Hotéis, como Transamérica, Renaissance e L'Hotel, oferecem tours personalizados de
passeios natalinos. O Bem Receber, programa do São Paulo
Convention & Visitors Bureau,
em parceria com a Câmara dos
Dirigentes Lojistas (CDL), treinou, na semana passada, 30 taxistas que atuam na região do
shopping Iguatemi. Os motoristas aprendem regras de atendimento, além de informações
sobre lazer na cidade.
Para atender aos visitantes
que procuram as decorações
natalinas na avenida Paulista,
25 policiais militares também
passaram pelo programa. Eles
foram treinados para auxiliar
turistas com dicas culturais e
curiosidades históricas.
A manobra, no entanto, pode
até dar resultado, mas não deve
encobrir a imagem que viajantes atentos levam para casa. "É
muita contradição. Ao mesmo
tempo em que é a mais rica do
país, São Paulo é a mais bagunçada, suja, fétida. Num estado
de abandono latente, com gente vivendo em praças como se
fossem grandes favelas nos
meio das árvores", diz o pecuarista Paulo Neto, 73, de Avaré.
Apagadas as luzes de Natal,
acende-se uma realidade que
não vai para a vitrine nem para
o cartão-postal. Se um dia quiser ser turística de verdade, São
Paulo terá de se mostrar tão luminosa aos paulistanos quanto
parece à primeira vista dos forasteiros.
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