São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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Turistas invadem SP para lazer e compras de Natal

Em dezembro, cidade recebe enxame de turistas do interior e de outros Estados

Comércio e festas de fim de ano respondem pelo 3º maior período turístico da cidade; perdem apenas para a Parada Gay e a Fórmula 1

ROBERTO DE OLIVEIRA
GUSTAVO FIORATTI

DA REVISTA DA FOLHA

É só em dezembro que São Paulo sai do armário. Pelo menos como destino turístico. Enquanto o paulistano não vê a hora de dar uma trégua às desavenças com o ar poluído e o trânsito caótico, turistas do interior e de outros Estados desembarcam na metrópole para disputar corredores de compras e o melhor ângulo nas fotos das decorações natalinas. Comércio e festejos de fim de ano respondem pelo terceiro maior período turístico da cidade -perdem apenas para a Parada Gay e a Fórmula 1.
Ainda que humildemente, o volume de turistas em São Paulo cresce a cada ano. Em 2007, a ocupação hoteleira deve atingir 70% dos 46 mil quartos da cidade, um avanço de 5% em relação a 2006, segundo Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris (Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo).
Pelos cálculos da SPTuris, da Embratur e da São Paulo Convention & Visitors Bureau, a capital deve fechar o ano com 10 milhões de visitantes (o Rio vem logo atrás, com 6 milhões de turistas/ano). São Paulo é a primeira em turismo de negócios, convenções e compras -abocanha quase metade desses segmentos em todo o país.
Para rascunhar uma amostra dessa multidão, a reportagem acompanhou um grupo do interior do Estado, da cidade de Avaré, que se organizou para visitar a capital.

Redutos
Os redutos que mais atraem compradores de fora são os de consumo popular. A rua 25 de Março encabeça a lista de pontos obrigatórios. É preferida por 18% dos turistas interessados em comprar. Em segundo lugar, vem o shopping Iguatemi, com uma fatia de 10%. E, na seqüência, com 9%, a região do Brás, segundo a Fecomercio.

Mexido à paulistana
Nessa farofa natalina à paulista há também espaço para estrangeiros de bolsos recheados, o que motivou a criação de serviços especiais pelo setor turístico. Hotéis, como Transamérica, Renaissance e L'Hotel, oferecem tours personalizados de passeios natalinos. O Bem Receber, programa do São Paulo Convention & Visitors Bureau, em parceria com a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), treinou, na semana passada, 30 taxistas que atuam na região do shopping Iguatemi. Os motoristas aprendem regras de atendimento, além de informações sobre lazer na cidade.
Para atender aos visitantes que procuram as decorações natalinas na avenida Paulista, 25 policiais militares também passaram pelo programa. Eles foram treinados para auxiliar turistas com dicas culturais e curiosidades históricas.
A manobra, no entanto, pode até dar resultado, mas não deve encobrir a imagem que viajantes atentos levam para casa. "É muita contradição. Ao mesmo tempo em que é a mais rica do país, São Paulo é a mais bagunçada, suja, fétida. Num estado de abandono latente, com gente vivendo em praças como se fossem grandes favelas nos meio das árvores", diz o pecuarista Paulo Neto, 73, de Avaré.
Apagadas as luzes de Natal, acende-se uma realidade que não vai para a vitrine nem para o cartão-postal. Se um dia quiser ser turística de verdade, São Paulo terá de se mostrar tão luminosa aos paulistanos quanto parece à primeira vista dos forasteiros.


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