São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2008

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Executivo do Citibank é morto no Tatuapé

Rapaz de 33 anos levou dois tiros, na cabeça e no tórax, ao chegar à garagem de sua casa e ter sido abordado por ladrões

Polícia acredita que ele discutiu com ladrões ao impedir que eles entrassem na casa, onde estavam a mãe e uma amiga de infância

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Gomes Matarazzo, 33, executivo do banco Citibank, foi assassinado anteontem à noite com dois tiros quando chegava à garagem de sua casa no Tatuapé, zona leste de São Paulo. A polícia diz acreditar que ele foi morto ao discutir com dois criminosos que tentavam assaltá-lo.
De acordo com testemunhas, Matarazzo foi morto porque, em uma tentativa de proteger a mãe e uma amiga de infância que conversavam dentro da residência, impediu que os assaltantes entrassem.
Ele chegou em casa, na rua Maria Eleonora, em sua Pajero por volta das 21h20.
Ao entrar na garagem, sua mãe gritou de dentro do imóvel avisando que tinham visita: a advogada Audrey Barbosa Caram, 33 -vizinha da rua, ela cresceu freqüentando a casa de Matarazzo.
As duas mulheres subiram ao segundo andar da casa para a mãe do executivo mostrar a Audrey suas compras de Natal.
Matarazzo estacionou o veículo, desceu e fechou um dos lados do portão da garagem. Nesse momento, segundo a polícia, foi dominado por dois homens armados. Outra hipótese investigada é que Matarazzo pode ter sido abordado na rua e já tenha chegado à casa com os assaltantes no carro.

Palavrões
A Polícia Civil acredita que os criminosos podem ter ordenado à vítima que entrasse com eles na residência.
Temendo pela segurança da mãe e da amiga, no entanto, o executivo teria se negado a obedecer e começado a discutir com os criminosos.
Testemunhas disseram à polícia que um dos criminosos começou a gritar palavrões. Ao ouvir os gritos, as mulheres telefonaram para a Polícia Militar. Contudo, antes de os policiais chegarem, um dos assaltantes atirou duas vezes contra o executivo.

Herói
"Tenho certeza de que foi para proteger a gente. Ele era um rapaz maravilhoso, trabalhador, inteligente, fino. Ele sabia que estávamos lá dentro logo que embicou o carro, porque a mãe dele falou", disse Audrey. Ela disse que considera o amigo um grande herói e lamenta o desfecho trágico do caso.
Os tiros atingiram a cabeça e o tórax do executivo. De acordo com testemunhas não identificadas pela polícia por questão de segurança, os criminosos deixaram o local correndo.
Foram descritos apenas como homens mulatos de estatura mediana. A mãe e a advogada relataram à polícia que o homem que gritava tinha uma voz grave e rouca.
Matarazzo ainda foi levado com vida para o pronto-socorro do hospital do Tatuapé. Morreu enquanto era atendido pelos médicos.

Superintendente
A principal hipótese da Polícia Civil para explicar o crime é a suposta reação de Matarazzo a um assalto. A princípio nada foi roubado da vítima, que também não tinha inimigos.
Outra possibilidade, apesar de ainda não estar sob investigação, é que o crime tenha sido encomendado.
O Citibank afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o executivo ocupava o cargo de "superintendente-adjunto do banco em São Paulo". Também disse lamentar o ocorrido e não deu mais detalhes sobre a carreira dele.
Segundo vizinhos, o executivo nasceu na rua Maria Eleonora. Filho de pais separados, ele só deixou o bairro ao se casar. Chegou a morar em Boston, nos Estados Unidos. Há cerca de três anos, após divorciar-se, voltou a morar com a mãe, mas procurava apartamento.
Matarazzo foi enterrado no cemitério do Morumbi às 17h30 de ontem. Ele não deixou filhos. Os criminosos não haviam sido presos até ontem.


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