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EDUCAÇÃO
Faculdades terão de oferecer
instalações para deficientes
ANTÔNIO GOIS
da Reportagem Local
A partir de março deste ano, os
cursos superiores passarão a ser
avaliados pelo MEC também de
acordo com a infra-estrutura que
oferecem aos deficientes físicos,
auditivos ou visuais.
A portaria com essa decisão foi
publicada pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza, em
dezembro de 1999, no "Diário
Oficial" da União. Nenhum curso
será fechado por não estar de
acordo com a portaria do MEC,
mas uma infra-estrutura insatisfatória baixará o conceito da faculdade no provão, no critério de
condições de oferta de curso.
"De início, acredito que nenhum curso estará 100% preparado para atender ao deficiente da
maneira como exige a portaria.
Apesar disso, as instituições terão
que cumprir a lei e apresentar planos de melhorias na infra-estrutura", afirma a secretária de educação especial do MEC, Marilene
Ribeiro dos Santos.
No caso das universidades federais (mantidas pelo MEC), não há
nenhum plano de liberação de
mais recursos para que elas se
adaptem às normas. "Cada instituição terá que fazer isso com os
recursos já disponíveis", afirma
Marilene Ribeiro.
Um estudo do economista da
USP José Pastore mostra que, no
Brasil, existem 16 milhões de deficientes. Nove milhões deles estão
em idade de trabalhar, sendo que
77% (7 milhões) poderiam
exercer alguma função com pequenas adaptações no ambiente
de trabalho. No entanto, apenas
11% dos deficientes no Brasil trabalham. Nos Estados Unidos, essa
porcentagem chega a 34%.
A convite da Folha, o presidente
do CVI (Centro de Vida Independente de São Paulo), Edison Passafaro, visitou quatro cursos em
três universidades de São Paulo.
Em alguns campi, foi impossível
subir ao segundo andar, como no
da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado). Na entrada principal, o segurança informou que
não havia rampas ou elevadores
para deficientes.
Passafaro avaliou também a infra-estrutura dos cursos de farmácia e arquitetura da USP. No
de farmácia, havia rampas de
acesso em todos os blocos, mas,
mesmo após pedir orientação aos
funcionários, não foi possível
achar um banheiro adaptado para deficientes físicos. Na faculdade de arquitetura, os banheiros
adaptados até existiam, mas não
havia sinalização, as rampas eram
inclinadas demais e o elevador estava quebrado.
No campus da UniSantana, a
infra-estrutura é melhor do que
nas demais. "No ano passado, a
diretoria da instituição me procurou pedindo uma consultoria.
Instalamos rampas e adaptamos
banheiros para deficientes físicos.
Mas ainda é preciso construir
uma rampa na biblioteca e melhorar os serviços para deficientes
auditivos e visuais, o que será feito
gradualmente", diz Passafaro.
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