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SAÚDE EM RISCO
Empresa tentou vender para Holanda produto sem fiscalização; registro pode ser cancelado
PF apura fraude em exportação de carne
FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em São Paulo
A Delegacia Fazendária da Polícia Federal em São Paulo vai instaurar inquérito para apurar denúncia do Ministério da Agricultura contra o frigorífico Frimeat
Exportação e Importação.
A empresa, sediada na zona leste de São Paulo, é acusada de falsificar documentos e de tentar exportar um contêiner com 12 toneladas de filé mignon, sem inspeção, para a Holanda, no início do
mês passado.
O Ministério da Agricultura informou que a Frimeat é reincidente e, por isso, deverá ter cancelado seu registro no SIF (Sistema
de Inspeção Federal).
O diretor do Dipoa (Departamento de Inspeção de Produtos
de Origem Animal), Jorge Camardelli, disse que enviou ao setor jurídico do ministério, na última
quarta-feira, o pedido de cancelamento do registro, o que, segundo
ele, implicará o fechamento da
empresa.
Reportagem publicada pela Folha ontem mostrou que pelo menos 42% da carne bovina, 19% da
suína, 25% da de frango e 46% do
leite produzido no país não passam por nenhum tipo de fiscalização. Faltam técnicos do governo
para atender a todos os estabelecimentos.
Fraude
A carne foi apreendida no dia 15
de dezembro no porto do Rio de
Janeiro (RJ). Segundo Camardelli,
a empresa falsificou documentos
a fim de tentar vender para a Europa um produto de origem ignorada, não submetido ao controle
do SIF.
As 12 toneladas de filé mignon
foram adquiridas em vários pontos de venda na região da Grande
São Paulo, de acordo com o diretor do Dipoa. ""Eles apanhavam
esse produto nos açougues de
Kombi", declarou.
Por não possuir habilitação para exportar, a empresa teria usado
o nome de um frigorífico habilitado de Mato Grosso, falsificando o
número do SIF, o certificado sanitário, as embalagens e as assinaturas, informou Camardelli.
A negociação, segundo ele, foi
realizada por um intermediário
na Argentina, que teria fechado o
negócio com os holandeses.
""A mercadoria era vendida para
o intermediário, que a revendia
para a Holanda. Eles pegavam esse material, estufavam o contêiner
em São Paulo, e, no último momento antes do navio iniciar a
viagem, tentavam embarcar no
Rio para não chamar atenção. Foi
aí que nós pegamos."
A reportagem da Agência Folha
conversou com Uladismir Toledo
Neto, que, segundo o Ministério
da Agricultura, seria um dos três
sócios-proprietários da empresa.
Toledo Neto disse que ele e Silvio Alberto Ozuna deixaram a sociedade em 1997, e a empresa passou a pertencer apenas a Celso
Antonio Lambais.
A Agência Folha tentou entrevistar Lambais quinta-feira da semana passada, mas ele informou,
por intermédio de sua secretária,
Marli, que não iria dar declarações sobre o caso.
Na sexta-feira, a reportagem foi
à sede da empresa, na Vila Antonieta, em São Paulo, mas um dos
gerentes, que se identificou como
Osmar, disse que só poderia conceder entrevista com autorização
de Lambais.
Camardelli, diretor do Dipoa,
disse que a operação praticada
pela empresa representa ameaça à
credibilidade do Brasil como exportador de carne.
Ele afirmou que, devido a um
caso semelhante ao dessa empresa, o mercado europeu está fechado para as exportações brasileiras
de língua de boi.
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