São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Família de morto em 2006 recebeu só R$ 22 mil

José de Souza morreu em outubro em acidente na obra da linha 4-amarela

Filha do operário disse que os familiares pretendem recorrer à Justiça para tentar aumentar o valor pago pelo Consórcio Via Amarela

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Parentes do operário José Alves de Souza, morto no ano passado em acidente nas obras da linha 4-amarela do metrô de São Paulo, anunciaram ontem que vão entrar na Justiça para aumentar o valor da indenização. Após o acidente, eles receberam cerca de R$ 22 mil.
"Eles [consórcio] pagaram R$ 20 mil de seguro de vida e mais um pouco de direitos trabalhistas", conta Claudineide Santos Souza, 26, filha do operário. "A firma [consórcio responsável pelas obras] fala que a gente não tem direito a nada."
José Alves de Souza, 56, morreu após deslizamento de terra em 3 de outubro de 2006, quando trabalhava na construção da estação Oscar Freire, na região dos Jardins (zona oeste de São Paulo).
Claudineide disse também que sua mãe "chora muito e fica desesperada" sempre que lembra do caso.
"A firma pagou o seguro, trouxe o corpo para cá [Glória, BA] e mais nada. Eles dizem que não temos direito à indenização, mas advogados que consultamos disseram que temos", disse a filha do operário.
De acordo com Claudineide, a família tentou um acordo com o consórcio antes de decidir entrar na Justiça. "No começo, falaram que iriam resolver tudo. O tempo passou e nada foi feito."
Ela disse que seu pai já morava em São Paulo quando começou a trabalhar no metrô. "Nordestino vai a qualquer lugar em busca de emprego."
Contou também que ele recebia cerca de R$ 500 por mês pelo trabalho. "Sei que é pouco, mas ajudava muito nas despesas de casa. Agora a situação está muito difícil."
Souza foi atingido quando trabalhava na construção de um túnel de 4,5 metros de altura por 6 metros de base. As obras aconteciam a 23 metros de profundidade. Foi a primeira vítima nas obras da linha 4-amarela.

Outro lado
A Folha tentou entrar em contato cinco vezes com o Consórcio Via Amarela, mas nenhum assessor foi localizado.


Texto Anterior: Saiba mais: Empresas deram R$ 1,7 mi para comitê de Serra
Próximo Texto: Memória: Obra da linha-4 tem histórico de transtornos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.