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Para especialistas, famílias devem tentar acordo
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Tentar um acordo. Essa
é a melhor estratégia a ser
adotada pelas famílias afetadas pelo acidente nas
obras do metrô em São
Paulo, segundo especialistas ouvidos pela Folha. O
conselho vale tanto para
os que tiveram prejuízos
materiais quanto para os
parentes de mortos.
Na visão dos especialistas, o acordo seria o melhor caminho porque uma
disputa judicial dessa natureza pode durar mais de
dez anos e os resultados
nada satisfatórios às famílias. Há uma série de recursos possíveis, da primeira à última instância.
"Eu mesmo tenho um
caso, contra a rede ferroviária, em que o processo é
de 1996, 1997. E ele está
sendo definitivamente
julgado somente agora, na
última instância", disse o
defensor público Carlos
Henrique Loureiro, 36.
Para o advogado e especialista em seguros Antonio Penteado Mendonça,
54, o fato de o Consórcio
Via Amarela, responsável
pela obra, ter manifestado
a intenção de ressarcir as
vítimas é um fato positivo.
"Para que entrar numa
briga se, de repente, se revolve tudo por bem? Seguradora é especialista em
briga. Ela passa para o advogado e diz: "Daqui a nove anos eu vou me preocupar com isso'", disse ele.
Loureiro aconselha a
solução pacífica, mas demonstra menos otimismo.
"A pessoa precisa se fortalecer para começar uma
guerra, porque é isso que
vai acontecer. Vão querer
pagar o menos possível.
Eles não vão rasgar nota
de R$ 100", afirmou.
Esse fortalecimento,
ainda segundo ele, pode
ser conseguido com o
acompanhamento de um
bom advogado, que vai dar
às famílias a esperança de
que a justiça será feita.
"O processo é uma guerra. Muitas vezes é uma
guerra de paciência também. Para o advogado, é a
vida dele enfrentar esse tipo de coisa, mas uma pessoa comum não está acostumada", afirmou ele.
O ex-presidente do Instituto dos Advogados de
SP Tales Castelo Branco
disse a suspeita de falhas
no projeto da obra pode
ajudar na discussão de
acordo. "O primeiro caminho é procurar a empreiteira para entrar no acordo. Tudo indica que há
uma culpa técnica."
Cuidados
Caso seja feito o acordo,
os especialistas apontam
para a necessidade de todas as partes envolvidas
assinarem o documento:
famílias, consórcio, seguradora e o Metrô.
A estimativa é que as indenizações de mortes ficarão entre R$ 200 mil e R$
300 mil, os danos morais
em 100 salários mínimos
(R$ 35 mil) e os danos materiais de acordo com o valor de mercado do bem.
É aconselhável às vítimas recolherem o máximo
de provas possível. "Quanto mais documento, mais
prova tiver que sofreu
aquele dano, mais fácil fica
negociar a indenização",
disse Mendonça.
Se não houver acordo, a
única saída será buscar a
Justiça. Não existe prazo,
porém, para o ressarcimento dos prejuízos.
O consórcio disse, por
meio de nota, que o seguro
cobre "todos os riscos de
engenharia", inclusive falhas de execução e riscos
naturais. Afirma ainda que
reclamações deverão ser
enviadas à seguradora, por
intermédio do consórcio.
Não há menção sobre
prazo para pagamentos.
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